Travessia entre Porto e Gaia servirá TGV e carros. Concurso lançado no final do ano. Obra ficará pronta em 2028. Processo está a ser ultimado com as câmaras.
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Com um tabuleiro para o TGV e outro para carros, a ponte para receber o comboio de alta velocidade, entre o Porto e Gaia, custará "aproximadamente" 100 milhões de euros. O concurso para a construção da primeira fase do TGV entre o Porto e Lisboa, que irá até Soure e onde está incluída a travessia rodoferroviária, deverá ser lançado no final do ano, e a ponte concluída até final de 2028.
A Infraestruturas de Portugal (IP), em resposta ao JN, diz que o estudo para a ponte "está a ser desenvolvido considerando a solução rodoferroviária como uma das possibilidades". É necessária, apenas, "uma última articulação com os municípios do Porto e de Gaia", mas a IP diz estar a realizar "reuniões técnicas" com as duas autarquias "para análise das diversas temáticas necessárias ao seu planeamento e conceção, entre as quais as relativas à futura travessia do rio Douro".
Certo é que, "de acordo com estudos preliminares realizados", indica a IP, "estima-se que o custo de construção da nova travessia do rio Douro, na sua configuração rodoferroviária, será de aproximadamente 100 milhões de euros". O concurso será de conceção, construção e manutenção.
A ponte rodoviária D. António Francisco dos Santos, anunciada pelas câmaras do Porto e de Gaia, não avançará, até porque o concurso deverá ficar deserto.
Gaia e Porto à boleia do TGV
A infraestrutura ficará junto à Ponte de São João, formando um "V" e garantindo uma nova ligação entre Oliveira do Douro, Gaia, e Campanhã, no Porto. A ponte cruzará o Douro a 150 metros da travessia ferroviária já existente, partindo da estação de Campanhã. Entrará em Gaia numa zona praticamente livre de construções, permitindo encurtar o troço em túnel até Santo Ovídio, que se transformará num epicentro de mobilidade. Com uma nova estação para o TGV, é lá que se cruzarão dois traçados do metro: a Linha Amarela e a futura Linha Rubi, que também conduzirá ao nascimento de uma nova ponte entre o Campo Alegre, no Porto, e a Arrábida, em Gaia. O concurso para a Linha Rubi deverá ser lançado a 17 de março e a construção estará pronta no final de 2025.
À data da apresentação do projeto para a alta velocidade, em setembro, a administração da IP, pela voz de Carlos Fernandes, explicou que já decorriam trabalhos com a Metro para que as duas estações fossem construídas de forma a que um passageiro que viaje na linha do TGV "possa entrar no metro sem ir à superfície".
Da mesma forma, a Câmara do Porto quer aproveitar a oportunidade e transformar Campanhã à boleia da alta velocidade. A proposta é a de "uma nova gare", com "porta virada a oriente, ao nó da Bonjóia", disse o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, há um mês.
Nenhuma empresa constrói ponte por 38,5 milhões
Todas as propostas para a construção da ponte D. António Francisco dos Santos ficaram acima do preço-base de 38,5 milhões de euros. O concurso para a travessia rodoviária, lançado pelas câmaras do Porto e de Gaia, ficará, assim, deserto, o que não obrigará ao pagamento de indemnizações aos seis concorrentes. O relatório do júri ainda não terá sido aprovado, mas o vereador do Urbanismo na Câmara do Porto, Pedro Baganha, adiantou no início da semana que, perante este cenário, o procedimento não deverá prosseguir.
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"Total viabilidade"
À data da apresentação da linha de alta velocidade, a IP tinha já garantido a "total viabilidade" de a ponte ferroviária incluir um tabuleiro para carros.
Ponte gémea inviável
Por dificuldades técnicas, a solução de construir uma ponte gémea à Ponte de São João foi descartada.
Nova plataforma
A nova plataforma em Campanhã, no Porto, nascerá entre as linhas 10 e 11, e terá 10 metros de largura e 420 de comprimento.