Estudo da FEUP destaca procura elevada do eixo Campo Alegre e da Circular até Asprela. Propõe que as linhas da Maia e da Trofa sejam em autocarro.
Corpo do artigo
A segunda linha de Gaia, entre a Boavista e Santo Ovídio, e a linha do Souto, em Gondomar, trarão quase 98 mil validações em média por dia à rede do metro do Porto. Se juntarmos a ligação de S. Mamede, entre Matosinhos e a Asprela, a procura crescerá para as 136,8 mil validações diárias. Olhando apenas para os ganhos totais de passageiros para a rede do metro (numa análise que considera os transbordos), estes três percursos são os totalistas entre oito novas linhas.
Os autarcas da Área Metropolitana do Porto conheceram, ontem, a avaliação de procura potencial de oito eixos que visam consolidar a atual rede de metro, realizada por uma equipa de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), coordenada por Paulo Pinho. O estudo propõe que a segunda linha da Maia e a ligação à Trofa sejam executadas através de metrobus (um autocarro em canal próprio).
Os especialistas estudaram oito ligações e 11 traçados possíveis, calculando que a concretização desses eixos geraria um acréscimo de procura global de cerca de 235 mil validações diárias em média por ano. São a segunda linha de Gaia; a linha do Campo Alegre, entre a futura estação da Galiza e a Praça do Império, no Porto; a segunda linha de Gondomar, entre Campanhã e o Souto; a linha da Trofa; a segunda linha da Maia, entre Parque Maia e Hospital de S. João; a linha de S. Mamede, que cruza Matosinhos até à Asprela; a linha Circular, entre a Boavista e a Asprela; e, por fim, um novo percurso nunca antes incluído no pacote de expansão do metro (ver infográfico). Só com duas estações aproxima a Linha Verde (Maia) da Linha Violeta ( Aeroporto).
Circular até à Asprela
Tendo como cenário base uma rede ampliada já com a Linha Rosa e o prolongamento da Linha Amarela em operação (o arranque da construção destas linhas aguarda por autorização judicial), os investigadores da FEUP concluem que o percurso com melhor desempenho e que trará mais vantagens ao atual sistema é a segunda linha de Gaia, que obrigará a rasgar uma nova ponte sobre o Douro.
O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, já garantiu que o concurso público para o projeto da nova travessia será lançado no próximo ano. E o Plano de Recuperação e Resiliência, entregue pelo Governo em Bruxelas, destina 299 milhões para a execução daquela ligação e mais 83 milhões para a linha do Campo Alegre em metrobus. Ora, os investigadores não apontam esse caminho para o traçado no Porto. Entendem que é viável como linha de metro, colocando esse eixo no "segundo patamar de procura potencial" entre as oito ligações avaliadas (o primeiro patamar de procura é ocupado por Gaia), como pode ler-se no estudo a que o JN teve acesso.
Metrobus para Trofa e Maia
No terceiro patamar de procura, surgem as linhas do Souto, de S. Mamede e Circular do Porto e o novo percurso entre Aeroporto-Maia. "Estes quatro eixos apresentam indicadores de procura muito interessantes". A equipa da FEUP entende que o traçado maior da linha do Souto, com nove estações e 6,7 quilómetros de extensão, é o mais interessante, sobretudo se a maioria das estações for à superfície, com custos de manutenção e construção muito inferiores. Quanto à Circular, o traçado entre a Casa da Música e Roberto Frias é a melhor opção.
"Não temos dúvidas que, de um ponto de vista estratégico, atendendo ao funcionamento do sistema como um todo, a circular Casa da Música-Asprela desempenhará um papel central, sobretudo se, posteriormente, for estendida a Campanhã", defendem ainda.
Já a linha da Trofa e a segunda linha da Maia gerarão níveis de procura modestos e "claramente inferiores" às restantes ligações estudadas. Nesse sentido, os investigadores entendem que deverá ser considerada a "hipótese" de executar os percursos como "linhas de metrobus em vez de metro", caso "os respetivos espaços-canais assim o permitam".
Três linhas com duas versões estudadas
Os investigadores da FEUP analisaram dois traçados para três linhas: a do Souto, a Circular do Porto e a de S. Mamede. Nas duas primeiras, destacaram os percursos mais longos como as melhores opções. No caso da Linha de S. Mamede, o desempenho de ambos os traçados é semelhante, por isso, a escolha dependerá de "critérios de desenho e operacionalidade da rede".
Circular serve mais emprego e casas
A Circular, entre Casa da Música e Roberto Frias, tem a vantagem de servir o norte da cidade do Porto, onde há "maior concentração de emprego da Área Metropolitana do Porto", e também garante o rebatimento das linhas que cruzam a estação da Casa da Música, servindo a zona poente da cidade "onde se concentra a maioria das áreas de residência de quem trabalha ou estuda na Asprela".