Monte Monção, uma aldeia de Arouca com cerca de meia centena de moradores, todos familiares, esteve hoje rodeado pelas chamas que queimam o concelho desde segunda-feira.
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Tal como em 2016, mas desta vez teve bombeiros para a defender. Não fossem eles, mais de meia centena, oriundos de vários pontos do país, e dificilmente algumas das casas teriam não sido engolidas pelas labaredas gigantes alimentadas pelos eucaliptos. Pedro São José, um dos 50 da família Jordão, diz que o lugar "já está habituado a fogos a cada meia dúzia de anos". Talvez por isso, esta terça-feira, com o inferno à porta, os moradores reagiram com a tranquilidade possível. E com razão, duas horas depois do pior momento, cerca das 18 horas, o fogo estava controlado.
Foto: Pedro Correia
A cinco quilómetros de Monte Monção, ainda na freguesia de Santa Eulália, a filha do homem que perdeu uma casa no fogo de 2016, em Celadas, chora. Não consegue passar na EN224, cortada por segurança, e teme que as chamas voltem a destruir o que só há pouco ficou refeito. O presidente da Junta de Santa Eulália, Hélio Soares, diz ao início da noite que não registo de danos em habitaçóes.
Mas há outras perdas. Carlos Moreira, 60 anos, perdeu 10 mil euros em madeira, que estava em Santa Eulália, "cortada e pronta para ir para uma fábrica de papel na Figueira da Foz". Esta terça-feira, correu mais de três quilómetros para ver se salvava alguma coisa no "monte". A madeira não conseguiu, mas tirou o trator, que lhe custou 30 mil euros, já com as lavaredas em cima.
Foto: Pedro Correia
Vestido com o fato do trabalho, João Marques também não consegue passar a barreira para ir ver as suas colmeias. É o maior apicultor de Arouca. Tem perto de um milhar de colmeias, distribuídas por vários lugares do concelho, mas há 100 que estão na linha de fogo. Tem receio que as abelhas não se salvem: "Elas não abandonam a colmeia, morrem juntas a proteger a raínha".
Foto: Pedro Correia
Ao final do dia, a Câmara adiantou que o fogo afetava ainda as freguesias de Alvarenga e Canelas/Espiunca, com 552 operacionais, 177 veículos, seis meios aéreos e duas máquinas de rasto. Estavam interditadas ou condicionadas as estradas nacionais 224, 225 e 326. A aldeia de Vila Viçosa continua confinada com vigilância dos bombeiros, tendo já regressado a casa os moradores de Canelas/Espiunca. A autarquia assegura que não houve danos em habitações primárias e secundárias.