Nos últimos anos, a Câmara de Arcos de Valdevez tem tentado fazer regressar ao concelho os emigrantes.
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Desde programas que incentivam jovens a estudar nas escolas locais, até ao crescimento das áreas industriais que constantemente procuram funcionários para responder às necessidades, tudo tem sido motivo para convencer quem trocou Arcos de Valdevez pelo estrangeiro a voltar à terra de origem. Regressaram pelo menos 200 desde 2014.
Joaquim Lage Neto é um dos emigrantes que regressaram à terra há três anos. Chefe de cozinha de profissão, esteve emigrado em Bordéus, França, durante 22 anos e decidiu voltar. Natural do Soajo, reabriu o restaurante O Videira, onde serve pratos típicos e algumas criações próprias, fruto de tantos anos de profissão. "Desde os 15 anos que trabalho na área, sempre na cozinha, agora decidi aventurar-me e estou sozinho na cozinha", conta, acrescentando que o que o fez regressar foi, acima de tudo, as saudades da família, mas não se arrepende, até porque o aumento de turistas ajuda ao sucesso do negócio.
A vila de Soajo, segundo o presidente de Junta, Manuel Barreira, recebeu nos últimos cinco anos entre 30 e 50 pessoas, sendo um dos maiores exemplos de sucesso. Há quem aposte na restauração, mas também quem se dedique a atividades turísticas e outras áreas do empreendedorismo.
Da Alemanha para Paçô
Sónia Cerqueira licenciou-se em Educação de Infância e trabalhou na área, na Alemanha. Voltou para Portugal há cinco anos e, embora não tenha encontrado vaga na área de formação, foi na fábrica Afonso, na zona industrial de Paçô, que encontrou trabalho. "Entrei para a fábrica como operária de produção, depois comecei a ajudar no gabinete técnico e acabei por ficar a tempo inteiro. Apesar de não ser a minha área de formação, estou satisfeita. Lido com clientes estrangeiros e falar outras línguas é algo que me estimula intelectualmente", conta Sónia Cerqueira.
Segundo o presidente da Câmara, João Manuel Esteves, o Município criou também o Gabinete de Apoio ao Emigrante para conseguir dar resposta às dúvidas e ajudar a solucionar problemas que quem regressa possa ter, de forma a simplificar a vinda. "Criámos o gabinete, eu sou vereador da Diáspora, porque sentimos a necessidade dos nossos compatriotas fazerem parte deste processo de desenvolvimento da sua terra", defende.
João Manuel Esteves salienta que está à frente de um concelho "que tem feito um esforço significativo de atração para ajudar também a combater a desertificação de algumas freguesias do concelho", havendo ainda registo do regresso de pessoas reformadas.