Professora, membro do grupo da Areosa ensina crianças a dançar folclore para que a tradição não se perca, seguindo pegadas dos pais.
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Maria, de 9 anos, sabe de cor a "Verde gaio". É a dança popular que mais gosta e canta-a espontaneamente. "Verde gaio, verde gaio, verde gaio passarinho, quem quer ver o verde gaio, suba lá acima ao ninho". Os outros meninos e meninas da turma do 3.º ano da Escola Básica de Meio em Areosa, Viana do Castelo, vão atrás e começam a entoar a letra ao som do cavaquinho tocado por Flávio Cruz, vice-presidente do Grupo Etnográfico de Areosa (GEA).
O tocador foi por estes dias à escola acompanhar Mafalda Rego de 46 anos, professora de Inglês, que ali ensina folclore todas as semanas, levando alegria às crianças. Bailarina do GEA desde criança, seguiu as pegadas dos pais (o pai Alberto é presidente e fundador do grupo e a mãe Cândida bailarina) e procura agora passar o gosto pela dança a novas gerações, com o projeto "Gosto do Vira", que a escola local acolheu há nove anos inserido na sua oferta complementar.
"O projeto surgiu com mais força em 2013, mas na verdade já é bastante antigo. Em 1985, a minha mãe ensinava a dançar as meninas de um lar de Viana", refere Mafalda Rego, explicando que o objetivo "é que as danças tradicionais não se percam no tempo". A designação dada pela professora à iniciativa, tem um sentido. "O vira trouxe à minha vida coisas muito boas, fez com que pudesse viajar, conhecer outras culturas e pessoas. E, sobretudo, fez com que recebesse as palmas. Gostava que estas crianças um dia pudessem receber essas palmas que são tão reconfortantes na nossa vida", conta.
Ensaiam passos
No recreio da escola, em dias de sol, meninos e meninas (com lenços coloridos na cabeça) dançam. Formam uma roda e ensaiam os passos ensinados por Mafalda, e enchem o espaço de alegria ao som de "Verde Gaio", "Pai do Ladrão", "Vira da Boa Viagem" e até a "Coradinha", que vem do cante alentejano.
Carminho, de 9 anos, dança com um lenço azul na cabeça. "Gosto muito de dançar. O que mais gosto é o "Verde Gaio". É muito animado", comenta. E Francisco, de 8, é dos mais empolgados, dentro e fora da sala de aula. "Gosto de dançar o "Pai do Ladrão", porque é divertido. Roubamos as raparigas. Também gostava de tocar um instrumento e quando for grande quero ser DJ nas festas", disse.
"Eles adoram este projeto. Gostam de dançar, de ver os trajes. Sinto-os muito motivados", diz Zita Pereira, de 60 anos, diretora da escola. No último ano, Mafalda tornou-se formadora creditada pelo Centro Científico-Pedagógico de Formação Contínua na área de Dança, e prepara-se para ensinar as danças a outros professores.