No Porto e em Gaia, os traçados das futuras ligações. Rosa e Amarela avançam no subsolo, onde há muita lama e trabalho quase 24 sobre 24 horas.
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É um trabalho que não se vê. Ouve-se o barulho das máquinas e assiste-se ao corrupio das viaturas. Os tapumes impedem vislumbrar o que se passa no interior. Parte das obras do metro, tanto na Linha Rosa (S. Bento/Casa da Música), no Porto, como na extensão da Linha Amarela (Santo Ovídio/Vila D"Este), em Gaia, acontecem no subsolo. Lá em baixo, nos túneis e poços, há muita lama, mas também determinação. A imagem de Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros, ilumina e protege o caminho.
Como refere Pedro Lé Costa, gestor de construção da Linha Rosa, "em tudo o que é escavação, por questões de segurança, o ideal é que aconteça 24 sobre 24 horas, sete dias por semana. Neste caso (Jardim do Carregal), estando no meio urbano e para menorizar o impacto na envolvente, os trabalhos subterrâneos param no sábado e retomam na segunda-feira".
No Carregal, vizinho do Hospital de Santo António, foram abertos dois poços, com uma profundidade de 24 metros: um para saída de emergência e outro para o elevador. Nas entranhas estão a ser rasgados dois túneis: até à Galiza medirá 760 metros e o que irá dar à Praça da Liberdade terá 580.
"Prevê-se que a obra final fique pronta no final de 2024. Após os testes, a linha deverá funcionar no início de 2025"
À superfície, no estaleiro, as árvores estão catalogadas. "A parte ambiental está em permanente monitorização. No jardim, a flora foi identificada. É uma obrigação da Metro garantir que vamos entregar à cidade este espaço melhorado, mantendo a flora e acrescentando outras espécies, pois algumas árvores tiveram de ser removidas", adianta o gestor.
As escavações abrangem ainda outras medidas. Também o edificado à volta exige um acompanhamento especial: "Ao longo da totalidade da via, há um sistema de monitorização em tempo real para identificar possíveis intervenções nos edifícios e poder atuar no caso de haver algum movimento anormal".
Garantida está a recuperação da Fonte da Natividade, que remonta ao século XVII e estava enterrada. "Foi etiquetada, removida e será recolocada no projeto de inserção urbana na parte superior da estação da Galiza. Ficará no jardim que existia e será recuperado", anuncia.
água, granito e explosivos
Na extensão da Linha Amarela, em Gaia, destaca-se a estação de Manuel Leão. Impressiona. O poço tem 42 metros de diâmetro e 24 metros de profundidade. Será servida por duas entradas, a Norte e a Sul, e terá elevadores para pessoas com mobilidade reduzida.
"Trabalhos estão a decorrer conforme o planeado. A conclusão é esperada para o final de 2023 ou início de 2024"
Didio Araújo, luso-venezuelano e responsável pelos túneis da empreitada gaiense, é um engenheiro experimentado. Integrou equipas e projetos na Venezuela, Panamá e Peru. Ao ser questionado sobre as adversidades encontradas em Gaia, responde com a maior das calmas: "A água subterrânea e o nível freático. Também o maciço, que é o granito do Porto, trouxe alguma dificuldade. Tivemos de usar explosivos para avançar com a escavação, quando tínhamos cem metros de túnel. Avançámos dessa forma e saímos da parte mais dura. A partir daí pudemos utilizar o método normal, que é o martelo hidráulico".
O prolongamento da linha, no traçado entre Santo Ovídio e o Hospital Santos Silva, começa por ser feito em viaduto, penetrando depois no subsolo, onde se localiza a estação Manuel Leão. O túnel tem 800 metros, dividido em dois troços: um mais curto, de 150 metros, e outro com 650 metros. Nas "profundezas" é grande a azáfama, mas trata-se de um caos controlado. Cada um sabe bem qual é a tarefa a desempenhar. "Temos um avanço de 100%. Terminada a a escavação, tratamos do revestimento. Seguimos as normas internacionais. Estamos a par de outras obras no Mundo", certifica.
Ponto de situação
Desvio do rio de Vila
Na Linha Rosa, a partir do Largo de S. Domingos, está em execução o túnel para o desvio do rio de Vila, da Praça da Liberdade até à Rua Mouzinho da Silveira.
S. Bento e Carregal
Na futura estação Liberdade/S. Bento, há trabalhos para a construção de paredes no Largo dos Loios e o desvio de redes de infraestruturas. No Jardim do Carregal, estão em execução os poços para a escavação mineira, visando a estação Hospital Santo António.
Galiza e Casa Música
Na Galiza, a escavação da estação está quase concluída. Começou a ser escavado o túnel até ao Santo António. A estação da Casa da Música está em execução.
Santo Ovídio
Em Gaia, na Linha Amarela, está a ganhar forma o tabuleiro do viaduto, com os pilares em fase de conclusão. Algumas das estruturas metálicas já estão à vista.
Manuel Leão
Na estação Manuel Leão, a escavação foi dada por concluída. Procede-se à betonagem da laje de fundo e o poço de ventilação e emergência está em conclusão.
Hospital Santos Silva
Na estação Santos Silva, o muro de suporte em betão armado está concluído. Trabalha-se na estrutura de betão da estação. Em Vila D"Este está em execução a fase da implementação dos muros de contenção.