Trabalhos de terraplanagem decorrem de Vila d"Este até Santo Ovídio, em Gaia, para extensão da Linha Amarela. Linha Rosa, no Porto, está em marcha na Boavista e na Praça da Galiza.
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Os utentes vão de férias, mas as obras de construção das futuras linhas do metro do Porto continuam no terreno, com terraplanagens na zona do Monte da Virgem, em Gaia, no âmbito da expansão da Linha Amarela até Vila d'Este, e na Praça da Galiza e na Boavista, no Porto, para a abertura do acesso às estações subterrâneas da futura Linha Rosa. As empreitadas despertam a atenção dos moradores daquelas zonas que anseiam por melhores e rápidos transportes à porta de casa.
Maria das Dores Oliveira está aposentada, mas lembra-se bem dos anos em que trabalhou longe de casa e quando precisava de apanhar dois e três transportes. "Agora, terei metro aqui, para os meus passeios e para as deslocações que faço ao Porto, onde presto voluntariado numa instituição", conta ao JN a moradora de Vila d'Este.
Três anos de obras para completar as duas empreitadas. As ligações em construção deverão ficar prontas em 2024.
Ainda há poucos anos a urbanização onde residem 17 mil pessoas era estigmatizada pela degradação das casas, pela falta de transporte e de segurança. "Tudo foi arranjado e é bom viver aqui. Só faltava mesmo era esta ligação do metro", diz Maria da Dores. Os mais idosos vigiam os primeiros trabalhos no terreno. A linha terá o seu término na Rua das Mimosas mas é junto à urbanização, ao cima da Rua de Conceição Fernandes, que as máquinas levantam mais pó, o mesmo acontecendo às portas dos estúdios da RTP.
Nas traseiras da EB2,3 de Soares dos Reis, uma moradia foi demolida para a construção da Estação Manuel Leão, uma das duas intermédias neste troço que vai ligar com a estação já existente em Santo Ovídio. A outra ficará mesmo em frente ao Hospital de Santos Silva. Após sair de Santo Ovídio e atravessar a autoestrada através de um viaduto, esta linha entrará em túnel até à gare Manuel Leão. Os acessos a estas estações serão através de escadas rolantes. Esta extensão do percurso da Linha Amarela até Vila d'Este representa um acréscimo de 3,18 quilómetros.
Máquinas fazem-se ouvir
Também a Linha Rosa, que vai ligar a Casa da Música a S. Bento, está com obra no terreno e é na Praça da Galiza, mesmo por trás da estátua de Rosália de Castro, que as máquinas de terraplanagem se fazem ouvir. São desviadas redes e telecomunicações. "Acredito que seja um transtorno para esta zona muito residencial, mas depois toda esta área ficará valorizada com uma ligação muito rápida ao centro da cidade", considera Inês Vilaça, estudante universitária. Esta linha será totalmente subterrânea e o percurso contempla estações na Praça da Galiza e no Hospital de Santo António.
Eduardo Souto Moura vai desenhar ambas as estações e dividirá a de S. Bento com Siza Vieira. A empreitada começou em março e também junto à Rotunda da Boavista decorrem trabalhos. "Será uma revolução na mobilidade do Porto", diz Carolina Silva, ao entrar para o ginásio. Já Carlos Pereira, na Estação da Casa da Música, considera que o trajeto que terá a Linha Rosa já é bem servido por autocarros e que a empresa "devia dar prioridade a outros locais com mais carência de transportes".
Nas estações Casa da Música II, tal como em S. Bento II, haverá ligação com as plataformas já existentes.
Detalhes
Obra de 287 milhões
O investimento estimado para o conjunto dos projetos ronda os 287 milhões de euros (181 milhões para as obras entre Casa da Música e S. Bento e 106 milhões entre Santo Ovídio e Vila d"Este).
33 mil pessoas/dia
Mais de 33 mil pessoas vão utilizar diariamente estes dois novos trajetos da rede, de acordo com os estudos de procura realizados pela Empresa do Metro.
Em sete concelhos
Atualmente, a rede da Metro do Porto é constituída por 6 linhas, distribuídas por sete concelhos, transportando cerca de 58 milhões de clientes por ano.
