Mais de 80 mil automobilistas vão ter menos dores de cabeça a partir do início do próximo ano, quando finalmente estiver pronto o alargamento da A4 entre Águas Santas (Maia) e Ermesinde (Valongo), de longe o troço mais congestionado daquela autoestrada e um dos pontos mais complicados para circular em toda a região.
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A Brisa garante: a reformulação do nó de Ermesinde (e das praças de portagem) será concluída a 31 de outubro; as obras de reformulação dos túneis já existentes estarão concluídas a 31 de dezembro. "É esta a data prevista para a conclusão total da obra", sublinha a empresa. Treze anos depois da obra ter sido anunciada. Onze anos depois de ter sido lançado o concurso para a primeira fase: construção do novo túnel. Nove anos depois da adjudicação da empreitada. E sete anos depois do efetivo arranque dos trabalhos, que enfrentaram várias dificuldades, incluindo uma paragem prolongada devido a um processo judicial.
"A partir de janeiro de 2023, este sublanço da A4 terá um fluxo de trânsito mais fluído, proporcionando viagens mais rápidas e seguras, com quatro vias de circulação em cada sentido", congratula-se a Brisa.
A concessionária garante que fica tudo pronto. Mesmo os arranjos necessários na rede viária dos municípios afetados, garante a empresa. A Câmara da Maia, contudo, diz que faltam algumas intervenções: "A Brisa lançou um procedimento em setembro para rematar alguns trabalhos e para reabilitar a iluminação pública num restabelecimento, o Viaduto da Granja. Temos ainda notícia de que irá lançar um procedimento para a execução do paisagismo do alargamento da A4. Faltam fazer obras de conservação das vias municipais que foram danificadas pela execução da obra e que serão intervencionadas aquando do fim da execução da empreitada".
O facto é que nas autarquias da Maia, de Valongo e de Gondomar agora não há queixas de falta de informação. Em janeiro do ano passado, o JN noticiou o atraso considerável da empreitada e o facto de há meses não se verem operários a trabalhar. Então, os presidentes de Câmara queixavam-se do silêncio da Brisa e zurziam no atraso. Agora, os municípios referem que a empresa passou a dar conta do andamento e do prazo da obra, que custou 43 milhões.
O tráfego médio diário do troço da A4 entre Águas Santas e Ermesinde era de 80565 carros em março passado (dados mais recentes do Instituto da Mobilidade e dos Transportes. Uma subida significativa face ao mesmo mês do ano passado: 59905. Este lanço é o mais utilizado da A4. Em agosto do ano passado, por exemplo, o tráfego médio diário chegou aos 88264 veículos (máximo de 2021).
Autarca de Valongo diz que problemas de trânsito vão continuar
O presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, não tem dúvidas que "é positivo que o calvário das obras na A4 esteja perto do fim", mas alerta que os problemas de circulação naquela zona vão continuar. "É necessário criar uma alternativa para Águas Santas, pois apesar do alargamento melhorar a circulação na A4, não vai resolver o garrote da saída para Ermesinde/Águas Santas/Baguim, que continuará congestionado, pois serve entre 150 mil e 200 mil pessoas", sublinha o autarca, para quem a solução não passa exclusivamente pela melhoria das condições para os automóveis.
"É também necessário oferecer à população meios alternativos ao transporte individual. A forma mais barata e eficiente de melhorar a mobilidade dos cidadãos e de transportar mercadorias é a ferrovia", sustenta. "Defendo acerrimamente a aposta na reativação da linha de Leixões, que passa ao lado do Hospital S. João e do Polo da Asprela, e que funcionaria quase como uma linha de metro para a cidade de Ermesinde, permitindo também levar o alfa ao aeroporto", refere. José Manuel Ribeiro defende, ainda, a linha do Vale do Sousa, entre Valongo e Felgueiras.
"A aposta na ferrovia tiraria diariamente milhares de veículos pesados e ligeiros das estradas do Grande Porto, inclusive da A4", observou.