Permitir que os homens acompanhem em permanência o processo de nascimento dos filhos era um desejo antigo que teve de ser adiado devido à covid-19.
Corpo do artigo
O desejo era antigo, mas as contingências da pandemia de covid-19 fizeram adiar a medida. Aproveitando-se o facto de esta segunda-feira ser o Dia dos Namorados, o serviço de Obstetrícia do Hospital de S. João, no Porto, ofereceu uma prenda especial às mães, aos bebés e, sobretudo, aos pais. Agora, eles já podem acompanhar todo o processo de nascimento dos filhos sem terem de ir para casa ao final do dia.
É uma medida comum noutros hospitais públicos do Grande Porto aquela que entrou em prática no S. João. Para alegria de mães e pais, que já podem pernoitar nos quartos com as suas companheiras e os recém-nascidos. Se dantes só podiam assistir ao nascimento e ficar no hospital das 11 às 23 horas, agora podem acompanhar o processo em permanência durante o período de internamento.
Embora as mães nunca estejam completamente sozinhas, há momentos de partilha que ganham outro significado quando são passados em família. É disso que fala Carmo Prucha, enfermeira gestora do serviço de Obstetrícia do S. João, quando fala acerca dos benefícios da medida. Sublinha que a presença permanente do pai "é importante em todo o processo de vinculação e no desenvolvimento de competências parentais", acrescentando que a referida vinculação é essencial "nesta fase da vida do casal". Tanto para os pais como para o bebé.
Disso mesmo nos deu conta Sandra Pera, também enfermeira neste hospital mas aqui citada na qualidade de mãe de Noa, nascida neste domingo. "É um apoio para a mãe e para a bebé e acaba por ser um benefício também para o pai pelo vínculo que estabelece, quer comigo, quer com a bebé", disse-nos Sandra, lembrando que quando nasceu a primeira filha, Lorena, há três anos, as coisas foram diferentes.
Também Soraia e Daniel tinham nos braços uma menina. Ambos com filhos de relacionamentos anteriores (três, todos rapazes), são agora pais de Beatriz, que nasceu escassas horas antes de Noa. Apesar da experiência que têm, foi com satisfação que ficaram a saber que o pai podia dormir no quarto. "Sentimo-nos mais seguras e relaxadas", disse Soraia. Daniel acrescentou: "É bom, para tratar da bebé e da mãe, que também merece".
Há alguns anos que o Hospital de Pedro Hispano (Matosinhos), o Centro Materno Infantil do Norte (pertencente ao Hospital de Santo António) e o Hospital de Gaia permitem aos pais dormir no quarto, mas tiveram de suspender a medida por um período, devido à pandemia. Só o de Gaia não retomou a prática, mas irá fazê-lo dentro de três semanas.