<p>A colocação de 230 alunos em duas novas escolas de Valongo está a gerar uma onda de protestos dos pais. Alegam que nunca foram consultados sobre o assunto e que as escolas se situam em locais ermos, sem transportes e longe das suas casas.</p>
Corpo do artigo
O filho de Lúcia Santos vai entrar agora no terceiro ano. Até então, frequentava a Escola da Ilha, "mesmo ao pé de casa" e do infantário onde está desde os três meses de idade. O primeiro período ainda vai ser feito nesse estabelecimento de ensino. Mas, em Janeiro, mudará para a Escola da Estação, cuja construção terminará em Novembro, que fica a 1,5 quilómetros de sua casa.
A notícia caiu na família como "uma bomba". "Soube pelo infantário do meu filho", diz Lúcia Santos que, tal como outros pais, já fez um requerimento a pedir o cancelamento da transferência do seu filho, mas foi recusado. "Disseram-me que não há vagas na escola onde o meu filho está", adianta.
O mesmo se passou com Manuel Orlando, que se mostra preocupado com a hora do almoço. É que as crianças, além, de saírem às 17.30 horas, vão ter uma hora e vinte minutos para almoçar. Apesar das novas escolas terem cantina, os pais preferiam que as crianças almoçassem na creche.
"A minha filha é alérgica ao glúten. Não sei se na escola lhe poderão dar um almoço de acordo com a sua dieta, como o fazem no infantário", aponta Manuel Orlando. "O meu filho come muito mal e no infantário já conhece as pessoas", justifica Lúcia Santos,
Os dois pais dizem que o infantário já avisou não ter condições para transportar todas as crianças. E queixam-se que as escolas foram construídas em locais sem transportes públicos e ermos.
As queixas desses dois progenitores extendem-se aos encarregados de educação, cujos filhos foram colocados na Escola do Valado. No total, são 230 as crianças que, em Janeiro, vão para os dois novos estabelecimentos de ensino, cuja construção ainda está a decorrer e chegou a ser embargada pelo Tribunal de Contas.
A directora regional de Educação do Norte garante, porém, que reuniu com as associações de pais antes de decidir as transferências. Margarida Moreira explicou, assim, os critérios da colocação dos alunos: "Para os que entram pela primeira vez, vingou o critério da residência. Os outros seguem o professor, cumprindo-se o princípio da continuidade pedagógica".
"São escolas de última geração", diz o assessor de Imprensa da Câmara de Valongo, destacando que terão cantina, ginásio, polivalente, campo de jogos e biblioteca. Paulo Figueiredo refere ainda que a Autarquia vai transportar as crianças que morem a mais de quatro quilómetros da escola. Quanto ao facto das escolas ficarem em zonas ermas, o assessor contrapõe: "Uma das mais-valias é estarem em zonas tranquilas".