Os pais dos 430 alunos da maior escola primária de Felgueiras vão parar as aulas quinta-feira porque dizem que os filhos estão a adoecer devido às "deficientes condições do estabelecimento".
Corpo do artigo
António Faria, presidente da Associação de Pais da Escola de Moutelas, explicou à Lusa que em várias salas de aulas do estabelecimento os alunos e professores sentem cheiros intensos provavelmente com origem no material do pavimento.
Segundo António Faria, os pais relacionam esses cheiros com problemas de saúde diagnosticados desde o início do ano em várias crianças, incluindo vómitos e irritações na pele. O representante dos pais fala ainda de sintomas idênticos aos da pneumonia detectados, este ano lectivo, em quatro alunos.
Terça-feira realizou-se uma reunião de pais na escola, que reuniu várias centenas de pessoas, tendo sido decidido, por unanimidade, não permitir que os alunos frequentem as aulas quinta-feira.
"Não sairemos da porta da escola enquanto alguém da câmara não vier falar connosco e der garantias de que o problema será resolvido", disse o progenitor à Lusa.
A Escola Básica de Moutelas, situada no centro da cidade, sofreu obras de ampliação há cerca de três anos.
Nesses trabalhos, segundo a associação, foram colocados pavimentos com linóleo em novas salas de aulas que produzem um cheiro intenso e que os alunos e professores têm dificuldade em suportar.
Após um abaixo-assinado com mais de 300 assinaturas, os pais conseguiram que a câmara mandasse realizar análises para confirmar se os cheiros podiam ser nocivos para a saúde, que foram realizados pelo Instituto Ricardo Jorge.
Os resultados, segundo a associação, apontaram para níveis elevados de dióxido de carbono que pode ser nocivo para os seres humanos.
As análises foram repetidas, mas os resultados não são ainda conhecidos, o que deixa os pais preocupados.
António Faria garante que a associação já falou várias vezes com a presidente de Câmara, Fátima Felgueiras, solicitando a substituição do pavimento.
Fátima Felgueiras tem reafirmado aos pais que o pavimento é igual ao colocado noutras escolas do concelho e que nessas não há problemas.
A presidente da autarquia, segundo os pais, chegou a sugerir que o problema teria a ver com os detergentes utilizados na limpeza do pavimento.
"Os produtos foram mudados, mas o problema mantém-se. A única solução que a senhora presidente nos dá é que abramos as janelas para arejar as salas, o que foi impraticável, nomeadamente nos dias mais frios", acrescentou António Faria.