Milhares de pessoas saem amanhã, domingo, à rua para festejar o S. João e ver o fogo de artifício nas margens do rio Douro.
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Mas, se a maioria lança balões, come sardinhas e dança por toda a cidade, em família ou com amigos, há quem passe a madrugada da festa a trabalhar. E, na maior parte dos casos, estar de serviço na noitada de S. João é sinónimo de trabalho redobrado.
Dos polícias aos bombeiros, passando pelos funcionários das diversões, pelos músicos que animam os bailaricos e pelos empregados dos restaurantes que levam as sardinhas (e alguma carne) à mesa dos foliões, todos garantem que o que não vai faltar amanhã é trabalho, muito trabalho.
E para que a festa em que o S. João é o rei corra da melhor maneira, pedem ajuda ao S. Pedro: "Oxalá ajude, porque com chuva é mais complicado".
Restaurante: "O que sai mais é a sardinha"
Para muitas famílias, a tradição são-joanina é sinónimo de jantar numa das margens do Douro onde, mais tarde, todos assistem ao fogo de artifício. Quer em Gaia, quer no Porto, não faltam restaurantes que na noite de S. João reforçam as equipas.
Aos 44 anos, Ricardo Teixeira, funcionário do restaurante Adega Presuntaria Transmontana, sabe bem o que é trabalhar na zona ribeirinha de Gaia numa das noites mais animadas do ano. "As pessoas gostam de ver o fogo de artifício à beira do rio e muitas preferem vir mais cedo e jantar por aqui", revela o funcionário, acrescentando que algumas famílias já são presença assídua na noite da festa.
Mas se celebrar o S. João é sinónimo de sardinhas, há sempre alguns clientes que optam por outros pratos. "O que sai mais é mesmo a sardinha, mas temos mais coisas. Há polvo, bacalhau e petiscos. E outra coisa que sai muito é a posta de vitela", explica Ricardo, garantindo que, além de tudo isto, as pessoas podem sempre recorrer ao menu e pedir outros pratos.
Diversões: "Haja trabalho toda a noite"
Paulo Rodrigues tem 46 anos, é de Coimbra, e cresceu "no mundo dos carrosséis". Aos 10 anos, já ia para as feiras e corria o país de lés a lés. E neste ano, tal como já é tradição, é na rotunda da Boavista que passa o mês da festa.
Embora a roda gigante esteja montada do dia 7 até ao dia 30, "só na noite de S. João é que se trabalha mesmo". "Nos outros dias estamos cá também para ajudar a criar este ambiente", explica. Ainda assim, é com orgulho que Paulo fala do carrossel. "É uma roda moderna e completamente equipada. Tem ar condicionado e está adaptada para receber pessoas em cadeira de rodas". Neste caso, as pessoas com mobilidade reduzida não só podem desfrutar da experiência como têm um incentivo: "Não pagam". Para o público em geral, a experiência tem um custo de quatro euros.
Quanto aos mais receosos, Paulo garante que não é caso para ter medo. "A roda anda devagarinho e a vista lá de cima compensa". Agora, resta saber se as celebrações vão contar com a ajuda do S. Pedro. "Tem mesmo de ajudar. E oxalá haja trabalho toda a noite, enquanto houver povo", desabafa.
Polícia municipal: "Conseguimos viver a tradição"
Desde que Sérgio Ferreira, 53 anos, ingressou na Polícia Municipal de Gaia, há 15 anos, é fardado que festeja o S. João. Mas, sorridente, o agente graduado coordenador diz que o facto de "não ter escapado em nenhum dos anos" não é problema. "É sempre bom festejar com a família, mas mesmo estando a trabalhar, conseguimos viver a tradição com um espírito muito bonito". Contudo, a sua ausência foi sempre sentida. "O meu filho perguntava muitas vezes se mais uma vez eu ia estar a trabalhar. E eu lá lhe explicava que sim", confessa o agente.
Tal como na passagem de ano, a festa move multidões. Mas o agente garante que estas duas celebrações são diferentes. "Na noite de Ano Novo, há muitos jovens, mas o S. João é uma festa para a família e é muito bonito ver que as pessoas, mesmo as crianças, brincam com os polícias", partilha Sérgio Ferreira, completando, com um sorriso: "Até parece que se esquecem das multas".
Com a ajuda de dois assistentes operacionais, 18 agentes da Polícia Municipal de Gaia vão, a partir das 16 horas de amanhã, efetuar os cortes de trânsito necessários. "Estamos distribuídos por vários lugares. Há sítios onde a circulação vai estar condicionada, mas a marginal vai ser cortada. E tem mesmo de ser assim, para assegurar a segurança das pessoas", sublinha.
músicos: Um mês de "muito trabalho"
Além do palco principal nos Aliados, vai haver música popular um pouco por toda a cidade do Porto. Em Miragaia, por exemplo, a animação vai estar a cargo do conjunto "Iniciadores". Em cima do palco, os músicos Quinito Fonseca, Mauro Jesus, Jorge Pereira, Pedro Peixoto e François Ferreira prometem animar o público, comemorando dessa forma a festa que tão bem conhecem, ou não fossem os cinco do Porto.
"No ano passado atuámos nas Fontainhas e correu tão bem que as pessoas nem queriam que fôssemos embora", recorda Quinito, o vocalista.
Num mês "de muito trabalho", tudo é preparado ao pormenor. "O camião chega [amanhã] às 9.30 horas e começamos cedo a preparar as coisas", explica o baterista Mauro Jesus.
A seguir à festa, não há tempo para descansar. "Seguimos logo para Vila Real, onde vamos dar um concerto na segunda à noite", acrescenta Jorge Pereira. Quanto aos quilómetros percorridos "nestas andanças", os músicos não têm dúvidas: "São tantos que nem dá para contar. Mas isso é bom sinal".
Bombeiro: "Comunicação mais fácil"
Vítor Caldas tem 52 anos e é o subchefe principal n.o 1 dos Sapadores do Porto, batalhão que integra há três décadas. Depois de, nos anos anteriores, ter estado ao serviço da população na noite da festa enquanto operacional, chefe de guarnição e mergulhador, neste ano é a partir do Centro de Gestão Integrada do quartel que vai trabalhar, como "elo entre todas as equipas no terreno".
Ali reúnem-se várias entidades, como o INEM, a Proteção Civil Municipal e a Polícia. É a partir dessa central que se gerem todos os meios que estão no terreno.
"Com a concentração das entidades num único local, a comunicação torna-se mais fácil e a capacidade de resposta melhora", explica o subchefe, acrescentando que "as ocorrências mais frequentes são as emergências pré-hospitalares. "Se o tempo ajudar, com o avançar da festa pode haver alguns exageros", esclarece.
Além disso, "há algumas quedas e escoriações e podem, ainda, ocorrer situações de aflição por causa das enchentes na cidade. Esporadicamente, podem verificar-se pequenos focos de incêndio provocados, por exemplo, pelo lançamento de balões", acrescenta Vítor Caldas.
Às equipas pré-hospitalares e às ambulâncias colocadas estrategicamente nos Aliados, na Ribeira, na Praça dos Poveiros e nas Fontainhas, acrescem dois postos avançados, nos Aliados e na Alfândega. No Douro, a vigilância é feita por uma equipa de mergulhadores. Tudo a postos. Pode começar a festa!
João Gil nos Aliados e D.A.M.A em Gaia
Depois do fogo de artifício na Ribeira, João Gil partilha o palco dos Aliados com cinco artistas convidados: Ana Bacalhau, Carlão, Ala dos Namorados, João Pedro Pais e Tim. Em Gaia, a festa faz-se ao som das músicas dos D.A.M.A, que atuam às 22 horas.
Controlo de multidões e do trânsito
A PSP vai reforçar o policiamento nos locais das festividades, com especial atenção ao controlo das multidões e à regularização do trânsito. Devido ao fogo de artifício, prevê-se que a circulação de pessoas nos tabuleiros da Ponte Luís I esteja interdita das 23.30 horas de amanhã até à 1 da manhã do dia 24.