Termas das Caldas de Carlão reabrem em maio e estão à venda. Casal quer perpetuar e fazer crescer um sonho nascido há 40 anos num recanto da natureza
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É um sítio único a nível nacional. Alia natureza às águas termais". Raquel Elias, com os pais e o irmão, viu as Termas das Caldas de Carlão, em Murça, crescer nas mãos da família ao longo de 40 anos. Agora, espera que algum investidor realize sonhos antigos, nomeadamente abrir ali um hotel e spa. A estância está à venda por cinco milhões e já há interesse por parte de um grupo hoteleiro brasileiro.
"Quem chega aqui, vê o rio e tem uma vista deslumbrante. São duas montanhas, fica no fundo de uma delas. É um sítio de paz", diz Raquel. As termas situam-se num cantinho à beira do rio Tinhela, que corre para o vale do Tua. E Maria de Jesus, a mãe, explica que é por isso que são especiais, "não ficam dentro do meio urbano, é isso que as diferencia, não se resumem à qualidade da água termal".
De águas sulfurosas, a estância é procurada por gente de todo o lado, até do estrangeiro, principalmente para problemas de pele. "Os médicos dizem que a psoríase não tem cura, mas temos casos de sucesso", diz Maria. A água mineralizada hipotermal é indicada para tratar também doenças reumáticas, das vias respiratórias ou do aparelho digestivo. Mas o potencial vai para além do turismo de saúde. Por lá, por exemplo, já está montada uma estrutura de hotel e spa, que nunca chegou a ser concluída.
O espaço tem pano para mangas, para ir além da vertente termal. "Temos uma ETAR biológica pronta a ser usada. E imagino no topo da encosta um miradouro com um telescópio para ver as estrelas", atira Maria de Jesus que, nos anos 80, saiu da aldeia de Carlão, do outro lado do rio, para construir o projeto de raiz, juntamente com o marido. "Não havia nada, só existia monte, não havia caminhos, luz ou água canalizada. Partimos do zero, fizemos o balneário em 1986 e chegámos aqui", conta ela, que explica que as termas, embora fiquem em Murça, adotaram este nome "porque estes terrenos pertenciam a pessoas de Carlão".
A ideia era que os filhos tomassem conta do sonho da família. Mas o investimento necessário para modernizar as instalações das termas e concluir o hotel e o spa não lhes permite. "Custa abandonar o nosso projeto de vida, é como um filho. Mas a razão tem que se sobrepor ao coração", confessa Maria, que espera ver um dia as termas a funcionar o ano inteiro e não apenas na época termal, como até agora.