Universidade de Coimbra e autarquia destacam mudanças na cidade desde a classificação mas admitem dificuldades na Rua da Sofia.
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A Rua da Sofia, na Baixa de Coimbra, foi classificada, juntamente com a Universidade e a Alta, património da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em junho de 2013. No entanto os colégios aí localizados, razão para a classificação, estão fechados ao público. Trata-se dos colégios do Carmo, fundado em 1542; da Graça, fundado em 1543; e do Espírito Santo, fundado em 1541, ambos incorporados pela Universidade de Coimbra respetivamente em 1549 e em 1560.
A Câmara e a universidade admitem que é um aspeto a melhorar e assumem o empenho em mudar a situação, enquanto os comerciantes da rua apontam para a sua degradação. "Não se percebe como uma rua que é património da UNESCO tem as fachadas e telhados degradados. Precisava de ter outra imagem". Quem o diz é Maria de Lurdes Costa, proprietária de uma perfumaria na Rua da Sofia. Acrescenta ainda que "as pessoas não sabem que a rua é património da UNESCO".
Com uma loja na rua há 29 anos, Paula Pimentel lamenta que as igrejas e colégios estejam fechados. "Os turistas nem sequer cá vêm. As casas estão degradadas, as pessoas nem se apercebem que esta rua está classificada", conta. Do outro lado da rua, Adílio Mendes, proprietário de uma retrosaria há 60 anos, não coloca a culpa na autarquia. "Os promotores turísticos também não falam da Rua da Sofia. Os turistas descem da universidade e apanham os autocarros no Largo da Portagem", aponta.
Acabar com o trânsito
Numa parte de um dos colégios classificados, o Colégio da Graça, funciona o Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes. "Somos o único espaço classificado aberto ao público", destaca o presidente do Núcleo, João Paulino. Sobre a rua, considera que tem pouco de identificativo com a classificação. "É uma rua muito ativa em termos rodoviários, o que não é exequível com o património da UNESCO. Pode ser que as obras do metrobus retirem os carros da rua", defende. Outra parte do Colégio da Graça está já na posse da universidade, onde estão instalados o Centro de Estudos Sociais e o Centro de Documentação 25 de Abril.
Ao JN, o reitor, Amílcar Falcão, reconhece que "a existência de uma plêiade de intervenientes e proprietários dos diferentes imóveis, muitos de caráter particular e privado, tem tornado este processo mais moroso, tardando em que a Rua da Sofia se abra à cidade e ao mundo". Reforça ainda que "a cidade e a universidade muito terão a ganhar com uma concertação de esforços, que possibilite a valorização do património existente, a sua conservação, requalificação e reafetação para fruição de todos", destacando também a necessidade de tornar a rua pedonal.
O vice-presidente da Câmara, Francisco Veiga, admite que " há muito a fazer na Rua da Sofia e não vale a pena obscurecer os factos ou tentar ofuscar a realidade", sublinhando, também, a diversidade de proprietários. "Há um esforço concertado para que alguns dos colégios possam vir a ser requalificados, utilizados para outras funcionalidades, mais vocacionadas para a vertente turística e cultural", assegura.
Duplicação
Segundo Amílcar Falcão, depois da classificação, em 2013, a universidade passou de um total de 239 mil visitantes, nesse ano, para mais de 500 mil, em 2017. Depois, há uma estabilização.
Procura
Francisco Veiga revela que a procura de habitação nas zonas classificadas aumentou, mas tem sido afetada pela especulação imobiliária.