A Casa das Pedras Parideiras assinala, esta sexta-feira, os seus primeiros seis meses de atividade e contabiliza já mais de 12.000 visitantes, pelo que a Câmara de Arouca atribui ao projeto "uma das melhores performances do país em custo-benefício".
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Em causa está o centro interpretativo dedicado ao fenómeno geológico que, sendo conhecido como "pedras parideiras", só é observável nesse local preciso do planeta: a aldeia da Castanheira, na freguesia de Albergaria, no topo da serra da Freita.
O presidente da Câmara de Arouca garante que esse é um dos 41 geossítios do município que mais curiosidade desperta nos visitantes e, considerando que o respetivo espaço museológico "custou apenas 200.000 euros", defende que o projeto deve ser encarado como "um exemplo a nível nacional ".
"Duzentos mil euros é uma bagatela, comparativamente a museus que custaram muitos milhões e que, se não estão às moscas, também não devem ter mais visitantes do que nós", declarou José Artur Neves à Lusa. "Ao ultrapassar as 12.000 visitas em apenas meio ano, a Casa das Pedras Parideiras deve ter seguramente das melhores performances do país ao nível da relação custo-benefício".
Entre os méritos do centro interpretativo, José Artur Neves aponta o seu "interesse pedagógico para crianças e estudantes, a promoção que representa para o Geoparque de Arouca e o número de pessoas que consegue atrair ao concelho - muitas dos quais deixaram de ser apenas 'visitantes' para serem efetivamente 'turistas', que já passam a noite no território".
Essas características justificarão a procura registada entre 3 de novembro e 30 de abril: o espaço recebeu 12.036 visitantes, 72,3% dos quais em contexto individual, 10,5% no âmbito de grupos escolares e o restante a repartir-se entre grupos turísticos organizados e visitas técnicas por profissionais do setor.
Quanto à evolução na frequência do espaço, a Casa das Pedras Parideiras ficou-se por 982 visitantes em novembro e por 680 em janeiro, no que influíram sobretudo as dificuldades de acesso à serra sob as condições climatéricas verificadas nessa altura. Já nos meses seguintes, contudo, o salto foi exponencial, com fevereiro a contabilizar 2.315 visitantes, março 2.716 e abril 4.209.
A nível nacional, Aveiro e Porto vêm sendo os principais distritos de proveniência do público, seguindo-se Braga, Lisboa e Beja. Os turistas estrangeiros, por sua vez, constituem apenas 2% das visitas, mas representam diversos países: Brasil, Angola, Suíça, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Holanda e Noruega.
No centro de todas as visitas esteve sempre o fenómeno segundo o qual um afloramento granítico revela incrustações de nódulos que, em forma de discos biconvexos envolvidos por uma capa de biotite, se soltam da pedra-mãe por efeito da termoclastia e da erosão. Têm a cor escura da biotite, podem medir de 2 a 12 centímetros e parecem nascer do granito cinzento da rocha base - que, por isso, ganhou o nome de "pedra-parideira".
José Artur Neves acredita que o facto de ainda não ter sido descoberta uma explicação científica que esclareça totalmente esse fenómeno também funciona como motivo de atração a Albergaria da Serra.
O autarca defende, aliás, que a dinâmica turística da freguesia ainda vai aumentar, considerando que aí está em curso outro investimento relevante para a região. "Daqui a pouco tempo vamos ter aqui o Radar Meteorológico do Norte", explica, "e não vai faltar gente a também querer subir a torre para apreciar esta paisagem magnífica".