Entre socialistas da Guarda, Pedro Nuno Santos "piscou o olho" aos eleitores com o discurso da coesão territorial, mas passou ao lado da polémica com os descontos nas ex-scuts.
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"Vir à Guarda não é sacrifício nenhum", começou por dizer Pedro Nuno Santos que, mandatado pelo Secretariado Nacional do Partido Socialista, participou na apresentação dos candidatos do PS aos 14 concelhos do distrito da Guarda.
"A distância entre Lisboa e a Guarda é a mesma entre a Guarda e Lisboa", prosseguiu o governante que antecipou assim um discurso centrado na importância da coesão territorial. " É difícil compreender como é que ao longo dos anos, o país foi concentrando forças num dos lados", sublinhou o Ministro das Infraestruturas e Habitação.
"Quando se deixa o interior para depois, não estamos só a prejudicar a coesão territorial, mas a prejudicar o país", vincou acrescentando no entanto que o investimento público nunca é o desejado por que " as necessidades são muitas". O discurso que durou cerca de meia-hora não tocou em nenhuma das questões de melindre recente para o governo. E aos jornalistas recusou responder ao PSD que já acusou o governo de desrespeitar a vontade da assembleia da república que, em coligação negativa votou a favor dos descontos de 50 % nas portagens das ex-scuts. De acordo com os social-democratas, os descontos que entraram em vigor no primeiro de julho, não estão a ser totalmente efetuados quer para a generalidade dos automobilistas, quer para os condutores de carros elétricos cujo desconto legislado é de 75%.
PS quer recuperar câmara da Guarda
Com as eleições já marcadas para o próximo dia 26 de setembro, o PS diz-se empenhado em não perder nenhuma das 7 câmaras que detém (contando com o independente de Aguiar da Beira), mas sobretudo em recuperar a câmara da capital do distrito que perdeu em 2013 para a equipa de coligação PSD/CDS liderada pelo atual eurodeputado Álvaro Amaro. Os socialistas candidatam o diretor da cadeia da Guarda Luís Couto, contando que possam aproveitar o contexto de divisão existente no seio da família social-democrata. O ex. vice presidente da autarquia Sérgio Costa protagoniza uma candidatura independente depois do atual presidente Carlos Chaves Monteiro, candidato do PSD, lhe ter retirado os pelouros e assumido divergências entre ambos. Dirigindo-se a uma plateia de cerca de 200 pessoas, Luís Couto assumiu que a luta é difícil por ser desigual. " Não temos verbas para distribuir por juntas e associações", declarou o candidato em ataque direto ao presidente em funções.
Figueira e Trancoso em risco
A Guarda é, por assim dizer, o grande desafio dos socialistas no distrito, mas não é o único, porque a câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, liderada por Paulo Langrouva pode tremer diante da candidatura do social-democrata Carlos Condesso, tal como o município de Trancoso presidido por Amilcar Salvador que, desta vez, tem como adversário o social-democrata João Carvalho. Se o PS mantiver as câmaras atuais, muda apenas o inquilino de Seia onde concorre Luciano Ribeiro, em substituição de Filipe Camelo que sai de cena por atingir o limite de mandatos. Confiante, Alexandre Lote, o presidente da Federação distrital do PS, aproveitou para anunciar que será o governo do PS a assinar a adjudicação das obras de um dos pavilhões do Hospital para ali funcionar o Departamento da criança e da mulher. Soube o JN que será António Costa a vir à Guarda e em período de pré-campanha usar a empreitada como trunfo eleitoral.