Único parque nacional comemora hoje 50 anos. Municípios querem fixar população através da agricultura e do turismo.
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"Há vontade dos municípios em fazer trabalho, mas é preciso dinheiro para que o parque se mantenha vivo". As palavras são do presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista, mas espelham o sentimento geral dos autarcas dos cinco territórios atravessados pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês, que chega hoje aos 50 anos.
Desde o ano passado num modelo de cogestão, orgulham-se de ter uma "joia da coroa", mas criticam a falta de contrapartidas e investimentos para fixar a população que habita na mais importante área protegida do país. "Se somos um território que dá contributos do ponto de vista ambiental, tem de haver uma diferenciação positiva relativamente às pessoas que aqui habitam. Queremos um turismo sustentável, mas é preciso melhorar os locais de visitação. É preciso discutir os serviços do ecossistema, valorizar as aldeias com melhores acessibilidades, mais apoios para as pessoas criarem o próprio emprego e, também, para equipamentos sociais que deem resposta à população mais envelhecida", elenca João Esteves, autarca de Arcos de Valdevez, que lidera a cogestão.
Manuel Tibo, de Terras de Bouro, e Augusto Marinho, de Ponte da Barca, acrescentam necessidades básicas, como o saneamento, que ainda não estão supridas e há autarcas que apontam dificuldades ao nível do crescimento das explorações agrícolas e dos equipamentos turísticos, que têm apertadas regras de implementação. "Alguém que queira fazer cultura do gado apenas pode construir um pavilhão de 200 metros quadrados. Não dá para colocar feno, quanto mais para ter animais abrigados. Se quisermos instalar um equipamento turístico, não podemos ocupar mais de 500 metros quadrados de solo", elucida Manoel Batista.
David Teixeira, vice-presidente do Município de Montalegre, acrescenta preocupações com o turismo de natureza, que precisa de regulamentação, mas também reclama "um meio aéreo de combate a incêndios". "Permitiria uma rápida intervenção", frisa o autarca, partilhando as palavras de João Esteves, que admite faltarem vigilantes no parque, apesar do esforço do Governo que, no âmbito do plano-piloto, criou 10 equipas de sapadores florestais.
Plano-piloto até 2025
Sobre esse programa, com investimento de 8,4 milhões que deverá durar até 2025, o Ministério do Ambiente adianta que estão em marcha, atualmente, os projetos de prevenção do risco de incêndio e de invasão por exóticas na Mata Nacional do Gerês, mas também ações de salvaguarda dos teixiais e um programa de propagação da mesma espécie. Ao mesmo tempo, decorre um projeto de restauro das matas do Mezio e do Ramiscal, com produção da flora num viveiro florestal do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em Amarante. Quanto ao turismo, o Governo garante melhorias nas condições de visitação, através de um projeto de meio milhão de euros que está em marcha até ao final do ano. Sobre a ideia de um teleférico entre a vila do Gerês e o miradouro da Pedra Bela, em Terras de Bouro, o Ministério não vê enquadramento legal.