A população de Perelhal, em Barcelos, voltou a sair à rua este domingo em protesto contra a instalação da linha de muito alta tensão.
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Nesta freguesia, os postes de 75 metros de altura ainda não começaram a ser colocados, mas em várias freguesias vizinhas são já visíveis as torres que rasgam a paisagem.
Três semanas depois do último protesto, a população de Perelhal saiu novamente à rua em tratores, carros, bicicletas e até a pé. "Entupiram" a Nacional 103-1, que liga Barcelos a Esposende, prometendo não baixar os braços.
"Vamos até às últimas consequências. Estamos contra esta linha porque é prejudicial para a saúde. Sou treinador de um clube de futebol, lido com crianças e seniores e a linha está prevista passar mesmo ao lado do campo de futebol. Se tivermos de cortar linhas e postes, vamos fazê-lo. Vamos até ao fim", afirmou Joaquim Sousa, um dos populares, em cima de um trator.
Em marcha lenta, a população, que já tinha colocado faixas pretas pela freguesia e tarjas com palavras de ordem, promete não baixar os braços: "Já reunimos com o Governo e digo que o secretário de Estado, João Galamba, teve uma atitude prepotente connosco. No entanto, ainda estamos à espera de uma reunião com a REN para apresentarmos uma proposta de traçado alternativo, que tem um impacto muito menor do que o atual troço. A nossa luta vai continuar sempre. Não vamos permitir que a linha avance", afirma o presidente de Junta, Manuel Miranda.
Refira-se que, recentemente, o Supremo Tribunal Administrativo (STA) manteve o indeferimento da providência cautelar interposta pelo Município de Barcelos para travar a construção da linha de muito alta tensão no concelho.
No acórdão, datado de 2 de julho, o STA decide não admitir o recurso, considerando que o Município não foi "persuasivo" nos argumentos que usou para defender que o avanço da linha poderá conduzir a prejuízos de difícil reparação.
Para o STA, os prejuízos supostamente advindos da construção da linha, ligados à remoção de terras, à destruição de vegetação e de solos e à produção de ruídos e de incómodos, "sempre seriam facilmente indemnizáveis".
Antes, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) tinha já julgado improcedente a providência cautelar. A Câmara, alegando que a linha vai penalizar fortemente nove freguesias, entre elas Perelhal, mas também Vila Seca e Macieira de Rates, recorreu, mas viu o STA ter a mesma consideração que o Tribunal de Braga.
Na manifestação deste domingo, além dos populares, juntaram-se à marcha lenta o deputado à Assembleia da República pelo BE, José Maria Cardoso, e os vereadores José Novais (PSD) e Domingos Pereira (BTF - Barcelos Terras de Futuro).