Deputados eleitos pelo Alto Minho apelam a uma "solução digna" para os moradores do Prédio Coutinho, que está para ser demolido desde 2000.
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Viana do castelo A petição pública "Salvar o prédio Coutinho" de Viana do Castelo, lançada há mais de um ano na Internet, foi aceite na Assembleia da República (AR). O peticionário principal, Ronald Silley, um dos proprietários que recusam um acordo com a sociedade VianaPolis para entregar a sua fração no edifício, já foi notificado da deliberação. Fonte da AR confirmou ao JN que a petição "entrou na Assembleia e encontra-se a aguardar despacho do presidente da assembleia, para baixar para a comissão competente".
Contactados os seis deputados (três do PS e três do PSD) recém-eleitos pelo distrito de Viana do Castelo e que serão empossados amanhã, todos desejam "uma solução digna" para o caso que se arrasta há quase 20 anos. O JN questionou também o cabeça do lista do PS, Tiago Brandão Rodrigues, entretanto indigitado ministro da Educação, mas não obteve resposta.
4500 subscritores
A petição que agora chega ao Parlamento esteve online mais de um ano e teve escassa adesão inicial, o que levou Silley a publicar apelos nos jornais. Quando este verão os últimos moradores resistiram ao despejo, fechados em suas casas durante uma semana, o caso voltou a saltar para o palco mediático. E o número de peticionários disparou, atingindo em pouco tempo o número necessário à sua aceitação. A petição foi aceite na AR com 4500 subscritores validados. "Estou contente porque se conseguiu o que se pretendia que era levar o assunto ao Parlamento", declarou Ronald Silley ao JN.
O prédio Coutinho está para ser demolido desde 2000, para naquele espaço ser construído um mercado municipal. Na altura residiam no edifício com 13 andares cerca de 300 pessoas. Atualmente, seis frações continuam ocupadas e algumas outras estão na posse da VianaPolis, mas sem acordo dos proprietários. A conclusão do processo de expropriação do prédio está em suspenso, à espera de decisão dos tribunais.
A petição requer ao Parlamento que, "atendendo a razões humanitárias, éticas, económicas e de decência básica, tome as medidas necessárias para impedir a demolição do prédio Coutinho". E argumenta: "(...) forçar pessoas com 80 anos ou mais, o que é o caso, a abandonar as suas casas por causa da estética do prédio onde vivem, é cruel e impróprio de um país decente".