Polémica com estátua de Camilo leva Porto a criar uma Comissão para a Arte Pública
O Porto vai ter uma Comissão para a Arte Pública, que vai avaliar as estátuas da cidade. A proposta, aprovada em reunião de Câmara com os votos favoráveis de todos os eleitos e com a abstenção do BE, partiu do PS na sequência da polémica em torno da estátua de Camilo Castelo Branco.
Corpo do artigo
"A proposta do PS é bastante útil. Aquelas pessoas, que se manifestaram contra aquela estátua vão fazer parte de uma comissão que não vai emitir um parecer vinculativo mas que será obrigatório". Foi assim que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, encarou uma proposta do PS para a criação de uma Comissão Municipal para a Arte no Espaço Público com regulamento próprio.
A proposta, que foi aprovada em reunião de Executivo desta segunda-feira, teve os votos favoráveis de todos os eleitos e a abstenção do BE. " foi apresentada pelo Partido Socialista e aprovada por maioria com a abstenção do Bloco de Esquerda, por pretender que a referida Comissão tivesse "uma maior representatividade", adiantou a bloquista Maria Manuel Rola.
A Comissão será composta pelo vereador com o pelouro da Cultura, um deputado municipal eleito inter-pares, um representante do Conselho Municipal de Cultura, um representante da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (UP), um representante da Faculdade de Arquitetura da UP, um representante do Departamento de História da Faculdade de Letras da UP e ainda um representante da Fundação de Serralves.
Conforme explicou o próprio, caberá agora a Rui Moreira levar a reunião de Câmara uma proposta de constituição da referida comissão, uma vez que a iniciativa socialista era uma recomendação apenas. O presidente da Câmara do Porto estima que esteja e condições de funcionar "dentro de um mês".
"A colocação de arte pública não pode ser feita de uma forma casuística, dependendo do ciclo do momento", justificou o vereador socialista Tiago Barbosa Ribeiro a razão pela qual submeteu a recomendação a reunião de Executivo.
"Aqui não há apenas questões estéticas a ter em conta", ressalvou a vereadora da CDU, que subscreveu a carta com outros 36 ilustres a cidade a sugerir a retirada da estátua de Camilo Castelo Branco do Largo de Amor de Perdição, onde está instalada há 11 anos, mas que acabou por retirar o seu nome quando o artista explicou que a figura feminina não representa Ana Plácido. Para Ilda Figueiredo, a comissão ganharia se a proposta do presidente da Câmara, viesse a incluir mais entidades.
Já o social-democrata Alberto Machado revelou que o "PSD não deu grande relevância ao tema", uma vez que a queestão da colocação de arte no espaço público "nunca foi um tema polémico" na cidade.
Na recomendação do PS para a criação da Comissão, sustenta-se: "Os elementos de arte pública têm sempre uma dimensão de avaliação estética individual, que a cada um compete no seu exercício de liberdade crítica, mas é preciso ter presente uma ponderação global sobre a inserção no espaço público e sobre a coerência do enquadramento na malha urbana, paisagística e arquitetónica, em particular quando falamos de uma cidade com zonas classificadas".