Serviço na região é desigual, sobretudo a sul do rio Douro. Presença da STCP em Gaia é sete vezes menor do que na Invicta. Estudo da FEUP mostra que Gondomar tem menos oferta ferroviária entre concelhos com mais movimentos pendulares.
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A população da Área Metropolitana do Porto (AMP) não tem igual acesso a transporte público. A oferta é desigual, com a Invicta a concentrar quase um terço do serviço total no seu território. Mesmo entre os cinco municípios com mais movimentos pendulares diários (Porto, Gaia, Gondomar, Matosinhos e Maia), existem diferenças significativas. Gondomar é o concelho com menos oferta ferroviária, apesar de lá chegarem o metro e os comboios urbanos da CP. Já a presença dos autocarros da STCP em Vila Nova de Gaia é sete vezes menor do que a que se verifica no Porto.
No momento em que a gestão da operadora pública rodoviária é partilhada pelos seis municípios onde circula (Porto, Gaia, Matosinhos, Gondomar, Maia e Valongo) e quando se prepara a transferência da titularidade da empresa do Estado para as câmaras, é relevante constatar o enorme peso que o serviço da STCP tem no Porto, onde regista 5316 circulações diárias de segunda a sexta e 362 à hora de ponta da manhã, entre as sete e as 10 horas.
Matosinhos, Gondomar e Maia possuem níveis de serviço semelhantes (acima das 1400 circulações diárias). Gaia e Valongo apresentam os piores indicadores da oferta da STCP, embora seja o concelho gaiense o mais populoso e o maior da AMP. O estudo, coordenado pelo professor Paulo Pinho, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e que reflete sobre a consolidação do sistema de metro e de metrobus no Grande Porto, contabiliza 713 circulações da STCP por dia útil em Gaia e 643 em Valongo. À hora da ponta, fica-se por 45 circulações em Gaia e 43 em Valongo.
Sul pior do que norte
O défice é colmatado pelos privados. Estes operadores garantem, por exemplo, 2316 circulações diárias em Gaia e 198 na hora de ponta da manhã. O modo rodoviário é a principal solução para quem depende do transporte público na região, mas, até neste capítulo, há desigualdades na oferta entre o norte e o sul da AMP.
"Regista-se uma assimetria norte/sul, mais especificamente entre os concelhos a norte e a sul de Gaia, colmatada, na maioria dos concelhos, com a existência de operadores privados de transporte rodoviário, tendo estes, porém, valores de circulação em horário de ponta e de circulação diária bastante inferiores aos registados a norte de Gaia", lê-se no estudo, lembrando que parte da assimetria é explicada pela baixa densidade populacional e de emprego em alguns territórios.
Gaia e Feira são exceções
Dos 17 municípios do Grande Porto, só Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira são as exceções entre os restantes concelhos do sul com uma rede de transporte público mais capaz, apesar das debilidades já referidas.
Ao analisar os indicadores de oferta global de transporte público na região (ferroviário e rodoviário), Espinho, S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Arouca e Vale de Cambra surgem na cauda. A norte, Póvoa de Varzim é aquele que evidencia uma pior cobertura e perde largamente na comparação para o município vizinho Vila do Conde.
Maia com menos oferta
Olhando para a coroa metropolitana onde vive mais gente e há maior concentração de emprego e de serviços, com o Porto a manter-se como gigante absoluto na congregação de grandes geradores de viagens (comércio, serviços, educação, hotelaria, cultura e saúde) no seu território, os indicadores de oferta global (rodoviário e ferroviário) são menos robustos na Maia e em Valongo do que em Gondomar, em Gaia, em Matosinhos e no Porto.
Mas Maia revela uma melhor resposta da ferrovia do que Vila Nova de Gaia e Gondomar. Até Matosinhos, que conta só com o metro e não tem comboio, regista um maior número de circulações diárias do que os dois municípios.
Em Vila Nova de Gaia, há 350 circulações diárias de metro e de comboio. Em Gondomar, é ainda menos: 313. À hora de ponta, ambos somam 22 circulações de composições e de comboios urbanos. O concelho do Porto é servido por 78 circulações, Matosinhos por 43 e Maia por 35.