Carros farão trajetos específicos nas áreas metropolitanas em complemento ao autocarro e ao metro. Proposta em discussão no grupo de trabalho.
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Os passes Andante e Lisboa Viva poderão integrar percursos específicos de táxi num futuro próximo. Os clientes usarão esses títulos nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa para viajar em zonas onde os autocarros, o metro e o comboio não chegam. Esta é uma das propostas consensuais do grupo de trabalho criado pelo Governo para modernizar o setor do táxi.
O debate no grupo, coordenado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), consensualizou mudanças nas tarifas e nos contingentes, a flexibilização da contratação de táxi, a digitalização da oferta e novas modalidades de prestação de serviço à população. É, neste capítulo, que se aponta o caminho para a integração nas redes Andante e Lisboa Viva, de modo a que o táxi possa cobrir "o segmento terminal das deslocações" onde a atual rede de transportes coletivos não dá resposta aos passageiros.
Este "amplo consenso" será aprofundado com a continuidade do debate no grupo que, além do IMT, integra as associações representativas dos taxistas (ANTRAL e Federação Portuguesa do Táxi) e representantes do Governo das pastas do Comércio, do Turismo e da Mobilidade, da Direção-Geral do Consumidor, da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e dos autarcas.
No relatório preliminar do grupo de trabalho, a que o JN teve acesso, propõe-se também a "venda de pacotes de serviços com pré-pagamento", suportados "nos títulos de transporte como Lisboa Viva e Andante, após assegurada a interoperabilidade". A hipótese em análise passará pela aquisição de um pacote de títulos de viagem intermodais, a descontar em percursos específicos de táxi.
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Outra forma de pagar esses "pacotes de serviço" seria com o cartão refeição. Neste momento, o uso deste tipo de cartão de débito está limitado à restauração e a compras em estabelecimentos comerciais que disponibilizam bens alimentares, não sendo admissível para a aquisição de viagens nos transportes públicos. Esta proposta implicaria uma alteração na finalidade do cartão refeição.
Mudanças nos tarifários
A mexida no sistema tarifário, que não sofre alterações desde 2013, é uma das reivindicações das associações dos taxistas. Com a criação de um preço único intermunicipal por agregação de dois ou mais concelhos vizinhos [ler Mais propostas], será necessário conceber um tarifário para viagens em municípios onde não haja acordos. Então, desapareceriam as atuais tarifas 2, 3 e 5 e seria implementada uma tarifa progressiva, tendo em conta sobretudo a distância da corrida. A deslocação ficará mais cara quantos mais quilómetros forem percorridos e se o condutor retornar à origem sem passageiro.
À semelhança do que sucede com o serviço de TVDE (transporte de passageiros em veículos descaracterizados), aprofundar-se-á a contratação de viagens através de aplicação de telemóvel (app) com um regime tarifário específico. Na plataforma móvel dos táxis, surgirá um valor fixo para a corrida. Caberá ao cliente escolher se quer pagar esse valor ou prefere que a contagem seja feita a taxímetro.
Outra mudança essencial para diversificar as fontes de receita dos taxistas é a flexibilização da contratação. "Só é possível contratar um serviço de táxi por 30 dias, no mínimo, e esse contrato tem de estar em papel no carro", explica Ana Rita Silva, vice-presidente da Federação Portuguesa do Táxi.
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Contratos sem prazo
Em discussão, está a possibilidade de realizar contratos sem limite de prazo através de uma plataforma digital, onde ficariam registados os dados essenciais do acordo.
O táxi poderia ser contratado por um dia, por uma semana ou só por umas horas. Nesse contexto, funcionaria também o transporte flexível, fundamental em zonas com baixa densidade populacional e sem uma resposta capaz de transporte público, como o Interior do país. Os interessados fariam uma pré-reserva da deslocação. A pensar no mercado turístico, aponta-se ainda para serviços a percurso, convencionados com os municípios ou outras entidades locais.
Preço único intermunicipal
Tarifa única permitirá viajar pelo mesmo preço entre dois ou mais concelhos vizinhos.
Gestão delegada
Delegar nas áreas metropolitanas e nas comunidades intermunicipais a gestão dos contingentes, como a definição do número de licenças na região e a abertura de concursos para atribuí-las.
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Valorizar a qualidade
Os futuros concursos para a atribuição de licenças de táxi poderão valorizar a qualidade do serviço, por exemplo, se os veículos são novos e amigos do ambiente.
Multibanco generalizado
Pagamento por multibanco disponível em todos os táxis.