Póvoa de Varzim enche-se de gente que vai a banhos. Poveiros com forte esperança num bom verão.
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"Mais gente, muito mais!", diz Alice Santos, sem hesitar. O ano passado foi "para esquecer" para quem vive do verão na Póvoa de Varzim. Mas 2021, a avaliar pelo primeiro fim de semana da época balnear, "promete!". A cidade encheu-se, o arrendamento de quartos e de casas dá sinais de retoma - embora "tímidos" -, começam a voltar os de Guimarães, Braga, Fafe, Vizela e Felgueiras, já se veem estrangeiros. "É a normalidade a regressar", continua, sorrindo, a dona do Alice"s uma das concessões da praia Redonda, em pleno centro da cidade.
O bisavô, o tio António Capelão, era banheiro. Hoje, Alice segue-lhe as pisadas, num negócio que toca com a filha. É certo que "os tempos são outros" e o aluguer de barracas "já viu melhores dias", mas 2020 foi "mesmo terrível": os emigrantes não vieram, os do interior tiveram medo da covid-19, estrangeiros nem vê-los. Este ano, para já, há esperança.
"Sábado foi muito bom e domingo também. Está tudo a regressar e vê-se muita gente jovem, que diz: "Venho prà aqui, porque já o meu avô me trazia para esta praia"", conta a mulher.
"Já estamos vacinados"
Angelina Gonçalves é uma das que regressaram: "No ano passado não viemos. Este ano, já estamos vacinados, as coisas estão muito melhor e decidimos vir". Angelina e o marido vivem em Famalicão. Vieram passar 15 dias: cidade tranquila, boas praias, o bom tempo a ajudar. Vir à Póvoa é uma tradição de família. "Em criança, a minha mãe já nos trazia para aqui. Tinha um irmão doente. O médico recomendava praia e, no verão, alugávamos quarto na Póvoa".
Eram os idos anos 50/60, altura em que, ali, o arrendamento de quartos aos banhistas no verão dava de comer a muitas famílias. Vinham, sobretudo, das cidades vizinhas do interior. "Lá, não dizem que vão à praia. Dizem: "Vamos à Póvoa"", frisa, sorrindo. Depois, banalizaram-se os carros, vieram as autoestradas, as férias no estrangeiro e, hoje, a Póvoa já não tem esse monopólio.
Melhor do que em 2020
Na Rua Latino Coelho, paralela à Avenida dos Banhos, aos 82 anos, Alzira Regufe arrenda quartos desde que é gente: "Nasci aqui. A minha mãe já arrendava quartos e eu, pequenina, já ajudava na cozinha". Ali na rua, outrora forte em casas e quartos para banhistas, contam-se, agora, pelos dedos, os que continuam a alugar.
"Muita gente desistiu. Em 2020, não veio ninguém! Não ganhamos para as contas. É água, luz, internet, telefone...", explica. Este primeiro fim de semana, "foi fraquinho", mas, ainda assim, por estes dias, Alzira tem "alugado umas coisinhas".
A partir de 10 euros
Alzira Regufe diz que, este mês, aluga quartos a partir de 10 euros. Depois, há ofertas para todas as carteiras 15, 20, 25. No caso dos apartamentos, os preços podem chegar aos 600 euros por semana
Reservas em março
Antigamente, em abril, quem alugava quartos e casas já tinha tudo cheio até setembro. Agora, as reservas chegam "mais em cima da hora". Quem aluga espera para ver o que dizem os números da covid-19 e decidir em função da situação.
Interior é o forte
Ainda são sobretudo os habitantes das cidades periféricas do interior quem enche a Póvoa no verão. Guimarães, Braga, Fafe, Vizela, Felgueiras, Paços de Ferreira, Famalicão, Trofa e Santo Tirso estão no "top". Já se veem também alguns estrangeiros e muitos peregrinos de Santiago. Depois, no mês de agosto, são os emigrantes.