É casa petisqueira, esta onde nos encontramos e gostamos de ir ficando. E também há surpresas boas no capítulo das carnes.
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Marrazes é lugar de bem comer desde há muito, assim como mesa de poder, nos tempos áureos do célebre Tromba Rija. Na mesma rua, fica o Casinha Velha, de Ricardo Costa e Filipa Moreira, de que me tornei fã. Hoje continua em grande forma, com Alina Abramiuc na cozinha e excelente pessoal de sala.
Tem a prática curiosa de servir a peso um tabuleiro rico de queijos e enchidos de porco ibérico, no final paga-se a diferença. É portanto casa petisqueira, esta onde nos encontramos e gostamos de ir ficando. Há presunto Cinco Jotas de 40 meses de cura, que se fatia fininho e serve em prato à dose. Gosto muito da solução quente tâmara enrolada em bacon, crocante e agridoce. A cozinha prepara deliciosos ovos rotos com presunto Cinco Jotas. E faz-se um pimento recheado e gratinado que preenche bem a gula e a fome.
Nos peixes podemos encontrar peixe do dia para grelhar, mas a arte mais praticada é o excecional bacalhau assado na brasa em forno Josper. Excelente matéria prima, cuidado na cozedura e o infalível tempero de azeite e alho que prende a alma ao português. O polvo assado no forno sai tenríssimo e saboroso e há camarão tigre grelhado que ninguém deve deixar de provar.
Frequento a casa há cerca de duas décadas sempre encontrei surpresas boas no capítulo das carnes. Um dos pratos por que vou com água a crescer na boca é o fantástico arroz de pato mudo com frutos secos. Brilhante aprumo culinário e muito sabor. O mesmo poderia dizer do cabrito assado no forno, ex libris da casa bem governado pelo grande Ricardo Costa. A raça Duroc do porco tem aqui bom acolhimento, com peças incríveis e incrivelmente bem processadas do porquinho. O pernil Duroc à Casinha é por isso bom exemplo do prazer que proporciona. Difere do porco ibérico por ser mais carnudo e cheio, suportando melhor a assadura prolongada. Também há lombinhos de porco ibérico fritos ou grelhados, amantes das suas fibras e paladar únicos não faltam.
A doçaria regional está presente na etapa final da refeição, com o célebre doce Brisa do Liz a pontificar, seguido de muito perto pelo excelente Morgado do Bussaco. Gosto muito da tarte de amêndoa e figo que aqui se faz. E há delícia de chocolate com pimenta de Sichuan que não deve sair sem provar.
A terminar, há que referir a copiosa garrafeira com que o Casinha Velha trabalha, títulos de todas as regiões nalguns casos com oferta de várias colheitas. Licorosos e espirituosas também estão bem representados, por isso não tenha pressa de sair.
Casinha Velha
Rua Professor Portelas, 23, Marrazes, Leiria
Tel.: 244 855 355
Das 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h, à segunda e de terça a sábado; até às 15h ao domingo
Preço médio: 55 euros