A Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento, sediada em Lisboa, disse esta quinta-feira que a interrupção de gás registada na terça-feira no Estabelecimento Prisional de Coimbra se deveu à falta de pagamento à companhia fornecedora.
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Segundo este organismo, informações disponíveis "apontam para uma dívida de 40 mil euros", à qual a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) "terá abatido 10 mil euros, o que assegurou o fornecimento de uma pequena quantidade de gás (3 mil litros dos 7500 de capacidade de armazenamento disponível na cadeia)".
"É evidente que não se trata de uma normalização (como se sabe, nos dias de hoje, ou se pagam as dívidas por completo ou se fica nas mãos dos credores)", refere um comunicado enviado à agência Lusa.
António Pedro Dores, da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACDE), disse ainda à Lusa que há o risco de voltar a existir, a qualquer momento, nova interrupção no fornecimento de gás, que poderá acontecer já no fim de semana.
De acordo com o sociólogo, professor no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa, na terça-feira os reclusos tomaram o pequeno-almoço frio, almoçaram cerca das 15 horas e ficaram privados de água quente.
Nesse dia, a DGRSP confirmou à Lusa que se verificou uma falha no abastecimento de gás ao Estabelecimento Prisional de Coimbra, mas negou que os reclusos tivessem ficado sem refeições.
"A DGRSP informa que se verificou uma falha pontual no abastecimento de gás ao Estabelecimento Prisional de Coimbra, tendo, não obstante, sido asseguradas as refeições diárias aos reclusos", referia uma nota enviada à agência Lusa.
A ACDE informou ainda que deu conhecimento desta situação ao Provedor de Justiça, Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça, Ministro da Justiça, e aos Presidentes da República, da Assembleia da República (AR), da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da AR, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados e à Comissão Nacional para os Direitos Humanos.
O estabelecimento prisional de Coimbra, contactado pela Lusa, não quis fazer qualquer comentário.
A DGRSP, numa nota escrita enviada à Lusa, reafirmou que, no "passado dia 19 se verificou um problema pontual no abastecimento de gás ao estabelecimento prisional de Coimbra, tendo, nesse mesmo dia, sido normalizado a situação".