Projeto que prioriza circulação pedonal em vigor em cerca de 100 ruas do centro do Porto
Cerca de 100 dos 236 arruamentos no centro do Porto que integram o projeto Rede 20, lançado em julho de 2023 pelo município, já priorizam a circulação pedonal em detrimento do trânsito automóvel.
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Nestes 22 meses de operação, o Porto conta com "praticamente 100 arruamentos caracterizados com a sinalização Rede 20", de acordo com a informação do município.
Alguns desses arruamentos foram requalificados, outros tornaram-se Zonas de Acesso Automóvel Condicionado (ZAAC) e noutros foi melhorada a sinalização e implementadas medidas de redução de velocidade como lombas.
Lançada em julho de 2023, a Rede 20 será implementada gradualmente até 2026 e abrange 236 arruamentos, que totalizam cerca de 30 quilómetros.
Numa visita ao Passeio das Virtudes, cuja obra de renovação ficou concluída na quarta-feira, o vereador com o pelouro do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, destacou que a empreitada permitiu tornar aquele canal de circulação automóvel "numa praça e num espaço de fruição".
A cota da faixa de rodagem foi levantada ao nível do passeio e o estacionamento, que ladeava a via, reduzido a 24 lugares, a maioria dos quais para residentes.
Ao Passeio das Virtudes somam-se outras artérias no centro da cidade que foram alvo de obras de renovação, como a Rua das Carmelitas e Rua Alexandre Braga, uma das artérias em torno do Mercado do Bolhão.
A obra nas Galerias Paris, Rua da Fábrica, Rua Cândido dos Reis já arrancou e, em breve, arrancará na Rua do Monte Cativo e Travessa do Cativo, na zona da Sé.
"Temos de escolher que modelo de cidade queremos, se queremos uma cidade com automóveis no espaço público e que privatizam, por exemplo, 10 metros quadrados de espaço que é de todos, ou se queremos uma cidade para todos os cidadãos", salientou o vereador.
Questionado se a renovação destas ruas estava a impactar outras no centro da cidade ao nível do trânsito, Pedro Baganha rejeitou, dizendo que até ao momento não se verificou sobrecarga automóvel.
"O programa foi desenhado de tal forma que a rede fundamental de circulação na cidade se mantém inalterada. Nós sabemos que há arruamentos no centro da cidade que têm e nunca poderão deixar de ter circulação automóvel", afirmou, detalhando que esse conjunto de ruas pertence ao "sistema arterial" do Porto, enquanto os que estão a ser alvo de alterações à rede "mais capilar".
"O balanço que faço deste programa é positivo e não tenho dúvida nenhuma que irá continuar", acrescentou.
A Rede 20 incide no centro da cidade, num polígono com 2,4 quilómetros quadrados definido pelas ruas Álvares Cabral e Gonçalo Cristóvão (a norte), ruas da Restauração, D. Manuel II, Maternidade, Boa Nova e Boa Hora (a poente), e pelas ruas da Alegria e Fontainhas (a nascente).