"Queriam que fôssemos buscar o suspeito ao hospital", dizem pescadores que se isolaram
Deu negativa a análise ao pescador indonésio de 21 anos que desde quarta-feira estava em isolamento no Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde (CHPV/VC). Por precaução, os 16 companheiros de faina estavam, há 31 horas, fechados nos barcos.
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Saíram ao início da noite desta quinta-feira "aliviados", mas convictos de que fizeram "o que estava certo", ainda que as autoridades de saúde tenham sido "negligentes".
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"Foi uma pouca-vergonha! Não nos diziam nada e ainda queriam que fôssemos buscar o suspeito ao hospital!", afirmou, ao JN, o mestre do "Candeias", Hélder Silva.
Os dois barcos de pesca artesanal atracaram na quarta-feira, às 14 horas, no porto de pesca da Póvoa. Durante a faina, um dos tripulantes do "Candeias" - um indonésio de 21 anos - começou a sentir dores no peito, tosse e fraqueza. Hélder isolou-o num quarto e, uma vez que o rapaz partilha casa com alguns dos tripulantes do "Fugitivo", à chegada ao porto as duas embarcações ligaram à linha SNS 24. Mandaram-nos esperar a bordo. Ao final da tarde, "por telefone e sem nunca ir ao local", o delegado de Saúde mandou-os para casa. Temendo contagiar as famílias, recusaram.
"Tenho mulher e dois filhos menores em casa. E se vou para casa contagiar toda a gente? Não arrisco", dizia Hélder Silva. O mestre do "Candeias" não poupa críticas ao delegado de Saúde, que diz ter sido "irresponsável e incompetente". Para protegerem "os outros e a comunidade", os 16 homens ficaram, voluntariamente, isolados nos barcos.
Às 21.30 horas de ontem, a mulher de um deles levou o suspeito ao Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde (CHPV/VC).
"Não o queriam receber, insistimos e, só depois de muita pressão - nossa e do presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, José Festas -, é que fizeram a análise", contou Hélder Silva. Depois, queriam que fossem buscar o suspeito para esperar o resultado em casa. Recusaram e ficaram 31 horas à espera, fechados nos barcos, sem qualquer apoio da delegação de Saúde. O mestre do "Candeias" diz que se sentiram "abandonados à sua sorte". Ainda assim, esperaram. Às 21:30, veio o resultado: negativo. No "Fugitivo" e no "Candeias" gritou-se de alegria, "um alívio" que acabou com 31 horas de isolamento voluntário.