Dezassete pescadores estão, desde o meio-dia, fechados dentro de duas embarcações no porto de pesca da Póvoa de Varzim. Uma suspeita de Covid-19 fez soar os alarmes. A linha SNS 24 mandou-os ficar a bordo. O delegado de Saúde mandou-os para casa, mas os pescadores têm medo e, enquanto não for testado o suspeito, não vão sair dos barcos.
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"Os homens dizem que não saem, que têm medo. A linha SNS 24 mandou-os aguardar a bordo. Oito horas depois, ainda não disse nada. É uma vergonha!", afirmou, ao JN, o presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, José Festas.
Entretanto, ao final da tarde, continuou a contar, o delegado de Saúde mandou os 17 pescadores para casa - incluindo o suspeito -, mas eles recusam sair, temendo contaminar as famílias.
O "Fugitivo" e o "Candeias" atracaram às 12 horas no porto poveiro. A bordo, durante a faina, um dos tripulantes do "Candeias" manifestou sintomas gripais. À chegada a terra, as duas tripulações, que trabalham juntas e têm pescadores que partilham casa, contactaram a linha SNS 24.
O suspeito - um tripulante indonésio com cerca de 30 anos - está em isolamento no interior do "Candeias". Os restantes 16 estão distribuídos pelos dois barcos. Querem que seja feita a análise ao suspeito. Até lá garantem que não vão sair do barco.
A ansiedade entre os 17 tripulantes é muita, mas, por agora, diz o capitão do porto da Póvoa, Marques Coelho, nada mais há a fazer, além de esperar por uma resposta do SNS 24.
"Isto não tem jeito! Temos filhos menores em casa. E se vamos contaminar toda a gente?", questiona Hélder Silva, o mestre de um dos barcos.
O tripulante suspeito, explica, é um indonésio de 21 anos. "Queixa-se de dores no peito, tem tosse e sente-se fraco". Ainda no mar, Hélder isolou-o no quarto.
Às 21.30 horas, fartos de esperar e sentindo-se "abandonados" a sua sorte, decidiram levar o homem ao hospital. Até saberem se tem ou não Covid-19, os restantes 16 homens vão manter-se nos barcos.