Aeródromo vai ter uma área empresarial para fixar empresas ligadas à aeronáutica. Já acolhe Proteção Civil, escolas de pilotos e pode receber serviços para "aliviar" a Portela.
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Castelo Branco vai criar uma área de localização empresarial na zona envolvente ao Aeródromo Municipal. "Na prática, vamos tornar um equipamento de cinco milhões de euros num polo de desenvolvimento regional, não só ao nível da proteção civil, mas também da formação de pilotos e empresarial, associado às novas tecnologias e novas indústrias e à indústria aeronáutica", havendo já manifestações de interesse nesse sentido, afirma o presidente do Município, Leopoldo Rodrigues, que avança que a Câmara "adquiriu um conjunto significativo de terrenos" situados junto ao aeródromo para acolher novos negócios.
O equipamento integra já uma base de apoio logístico da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, mas a proximidade com Espanha levou o Governo a propor a Bruxelas que instale ali uma das quatro bases de pré-posicionamento de meios europeus de combate aos incêndios, no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, pelas condições que oferece.
Mas o desenvolvimento económico começa a impor-se com este potencial para acolher empresas do segmento da aeronáutica. "As áreas da formação e reparação requerem quadros altamente especializados e isso será feito em articulação com a Universidade da Beira Interior, o Politécnico de Castelo Branco e o Instituto de Emprego e Formação Profissional", sublinha Leopoldo Rodrigues. Aproveitando o trabalho que já é feito por Ponte de Sor na área da formação, os dois municípios ponderam "trabalhar em conjunto".
Paragem entre norte/sul
O número crescente de voos civis (ler ao lado) revela aptidão para outras andanças. "Está em curso a concessão da Sevenair, que explora o voo de passageiros entre o Norte do país e o Algarve. Mas durante o próximo ano vai a concurso uma nova concessão e já manifestamos à tutela o desejo de ter aqui uma paragem desses voos domésticos", o que "abre a oportunidade de pensarmos no desenvolvimento do território também por via aérea", servindo a região da Cova da Beira (uma vez que o aeródromo da Covilhã foi desativado) e a Estremadura espanhola.
Numa recente visita, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, também avançou que o Governo "está a ponderar deslocalizar serviços que permitiam descongestionar a Portela e dar numa visão mais abrangente a este tipo de infraestrutura". E condições existem, pois o Município também está certificado pela Autoridade Nacional de Aviação Civil como prestador de serviços de tráfego aéreo.
Todas estas realidades motivam a Autarquia "a continuar a investir" no aeródromo. "O orçamento para 2023 contempla a construção de um depósito de combustível, um novo hangar, uma nova placa de ancoragem de aeronaves, uma taxiway e a iluminação na pista, para permitir alguns voos noturnos, sem prejuízo dos investimentos privados", revela o autarca.
Condições
Meteorologia ajuda
As condições meteorológicas na região também permitem que se aterre e descole, praticamente, 365 dias por ano. E é também dos poucos que tem uma brigada certificada em Serviço Básico de Salvamento e Luta Contra Incêndios, o que significa que "os operacionais têm competências para operar com aeronaves até à Categoria 5 (dos 24 aos 28 metros), com um máximo de 19 ocupantes (entre tripulantes e passageiros)".
Diversos "inquilinos"
O atual hangar acolhe o Aeroclube de Castelo Branco, a empresa Albatroz Engenharia, especializada nas áreas de drones, robótica, aeronáutica, software, mecânica e eletrónica, e a escola de pilotos Airwin Portugal, sendo utilizado por outras escolas de aviação civil para formação. É ainda procurado pelas equipas de acrobacias para treinos, tal como pela Força Aérea.
Dinâmicas
4773 movimentos aéreos fazem parte do registo do aeródromo só no ano passado. Destes, 92 foram de âmbito militar, 348 de resposta a operações de Proteção Civil e 4333 de âmbito civil (84 dos quais internacionais).
100 hectares tem o Aeródromo Municipal de Castelo Branco. A esta área, a Câmara juntou terrenos exteriores anexos, comprados para criar uma nova área empresarial.