O rei espanhol, Felipe VI, reiterou em Lisboa a "secular relação de proximidade e boa vizinhança" entre Portugal e Espanha, que destacou como uma "grande capital europeia", mas que mantém o seu "encanto e personalidade".
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Felipe VI falava numa cerimónia nos Paços do Concelho de Lisboa, depois de receber a Chave de Honra da Cidade.
Nas suas palavras iniciais, que proferiu em português, agradeceu, em seu nome e da rainha, Letizia, a "honra" de receber esta distinção de Lisboa, "uma cidade milenar que, como capital de Portugal, tanto contribuiu para a história".
O monarca espanhol recordou que no mesmo sítio o seu bisavô, Alfonso XIII, destacou, em 1903, "a amizade indestrutível" que une os dois povos e, hoje, reafirmou "esta secular relação de proximidade e boa vizinhança que tem nesta cidade um exemplo tangível e permanente".
Uma relação que se manteve "em tempos difíceis para ambas as nações" e, em particular, para a família real espanhola, comentou, aludindo ao período em que o seu pai esteve exilado em Portugal, residindo no Estoril.
"Nesta Lisboa repleta de história e tradição, não posso deixar de referir as grandes transformações que durante os últimos anos, [a cidade] está a atravessar e que contribuíram para que se consolide como uma grande capital europeia, aberta e cosmopolita, sem perder nem o seu encanto nem a sua personalidade", sublinhou o rei.
Felipe VI dirigiu depois uma palavra "de afeto e reconhecimento" aos lisboetas, que, "com o seu trabalho, esforço e bem fazer, contribuem para o dinamismo e pujança desta incomparável capital".
"Podemos e devemos caminhar em conjunto"
O presidente da Câmara de Lisboa defendeu que Portugal e Espanha podem e devem "caminhar em conjunto na reconstrução do projeto europeu através de uma agenda reformista", reconhecendo o rei Filipe VI como "um referencial de estabilidade política".
Os reis de Espanha chegaram esta tarde a Lisboa no âmbito da visita de Estado de três dias que estão a realizar a Portugal, tendo a sessão de boas-vindas nos Paços do Concelho marcado o primeiro momento na capital, cerimónia na qual o presidente da autarquia, Fernando Medina, considerou que a história e os laços de afeto que unem Portugal e Espanha "só ganham um verdadeiro sentido se estiverem colocados ao serviço da construção conjunta do futuro".
"Podemos e devemos caminhar em conjunto na reconstrução do projeto europeu através de uma agenda reformista que responda às consequências da crise financeira, às assimetrias geradas pela moeda única, ao imperativo civilizacional de salvar os refugiados", defendeu Fernando Medina.
Para o presidente da Câmara de Lisboa, os dois países ibéricos "têm um papel central" no debate "entre a abertura e o fechamento, entre a tolerância e o ostracismo, entre o cosmopolitismo e o provincianismo".
Fernando Medina deixou "uma palavra particular de reconhecimento" pelo "referencial de estabilidade política e promotor da imagem de Espanha" que tem sido o rei Filipe VI.
Na opinião do socialista, "as forças de desintegração, de reforço dos nacionalismos, de alargamento das assimetrias norte-sul e de redução da solidariedade são contrárias aos interesses nacionais de ambos os países".
"Porque somos sociedades abertas e tolerantes e porque, melhor do que outros, entendemos o valor da abertura, de tolerância e do cosmopolitismo. Na história fomos grandes quando nos abrimos e caímos quando nos fechamos".
O autarca socialista considerou que "há um amplo caminho" que Portugal e Espanha "podem percorrer em conjunto nas relações bilaterais", a bem de ambos os povos, sendo as cidades "atores principais destas dinâmicas de cooperação".
"Quero destacar aqui que Lisboa vai voltar a acolher a ARCO, dando mais um passo para a criação aqui da 'segunda casa' da principal feira de arte contemporânea da Europa", recordou.
Medina realçou ainda que Lisboa será, em 2017, Capital Ibero-Americana da Cultura e "um projeto de especial simbolismo para os dois países" que é a constituição da Rede Mundial das Cidades Magalhãnicas que visa comemorar o quinto centenário da primeira viagem circum-navegação de Fernão de Magalhães.