<p>O Tesouro de Chão de Lamas, composto por peças lusitanas do século II a.C., está no Museu Nacional de Ar-queologia de Madrid desde 1922. Agora, é reclamado pela Universidade Sénior local.</p>
Corpo do artigo
Os alunos da Universidade Sénior inserida na Associação de Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP), em Miranda do Corvo, anunciaram esta intenção, ontem, em conferência de imprensa. O presidente da ADFP, Jaime Ramos, sublinhou, ao JN, que não se trata de uma "brigada do reumático", mas sim de uma "tropa de elite" apostada em trazer as peças, novamente, para Portugal. Por agora, estão em exposição na "Sala del Tesoro" do Museu Nacional de Arqueologia de Madrid.
A colecção é constituída, segundo Jaime Ramos, por dois vasos, uma pulseira e alguns colares e peitorais representativos da cultura lusitana do século II A.C., mas não só. Inclui, ainda, um conjunto de moedas ligadas ao império romano. As circunstâncias em que o achado (que data de 1913) passou para o domínio espanhol estão por esclarecer, afirma Jaime Ramos: "O Museu diz que o comprou a um português que gostava de Espanha. Não diz o nome".
Certo é que os 80 alunos e 25 amigos da Universidade Sénior querem contribuir para que o tesouro - assim apelidado pelos arqueólogos - regresse a Portugal. No dia 8 de Abril, deslocam-se à Assembleia da República, na expectativa de sensibilizar os diversos grupos parlamentares para a causa. Mas os planos de acção não ficam por aqui, conta Jaime Ramos. Entre 17 e 19 de Abril, atravessam a fronteira para visitar o Museu Nacional de Arqueologia de Madrid e tentar chegar à fala com os dirigentes, por um lado; e com o rei e primeiro-ministro espanhóis, por outro.
Esses e outros contactos vão começar a ser feitos agora. O movimento está apostado em envolver a sociedade civil e as figuras estatais. "Queremos que o tesouro faça parte das preocupações do Estado", defendeu o responsável, sem deixar de reconhecer a prioridade que as questões económicas e sociais merecem, face à crise instalada.
Mas este processo reivindicativo não esconde qualquer animosidade em relação ao país vizinho, vincou Jaime Ramos: "Agradecemos aos espanhóis o facto de terem feito a conservação e o estudo do tesouro. Até admitimos que o Museu fique com uma cópia, desde que as peças originais venham para Portugal". O presidente da ADFP não duvida da importância histórica da colecção. "Não há muitas coisas, dessa época, sobre os lusitanos. O lugar do tesouro é em Portugal", rematou.