Rui Moreira sem maioria e com dificuldade em chegar a acordo com uma oposição mais alargada
PS e Bloco de Esquerda recusam qualquer compromisso. PSD vai cumprir mandatos sem pelouro. CDU diz que é cedo para tomar decisões.
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Para Rui Moreira, os próximos dias serão de análise e de decisões. Sem maioria absoluta, o autarca terá de decidir se o movimento que o elegeu governará a cidade sozinho ou se fará acordos à esquerda ou à direita. PS, Bloco de Esquerda e PSD já anunciaram que não estão disponíveis.
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A noite eleitoral foi uma surpresa para Rui Moreira que nunca contou perder um vereador, ainda por cima Fernando Paulo, que tinha a complicada pasta da coesão social e habitação e que surgia na lista em sétimo lugar. Moreira conseguiu seis dos 13 mandatos, menos um do que nas autárquicas de 2017, ficando assim "refém" da oposição.
Recorde-se que, em entrevista ao JN há pouco mais de uma semana, o candidato do Porto, O Nosso Movimento não escondia a importância de não depender da oposição e de ter "condições de governabilidade que permitam resolver muitas questões mais depressa". Dizia então que "a governabilidade numa Câmara Municipal resulta naturalmente melhor, para quem está no poder, quando tem a maioria". Os eleitores portuenses decidiram o contrário. "O que temos de avaliar é se valerá a pena tentarmos governar sozinhos ou chegar a acordo com as forças políticas", afirmou, após conhecer os resultados eleitorais.
Contudo, não será fácil encontrar interessados nesse entendimento. "O papel do PS é ir para a oposição", afirma Tiago Barbosa Ribeiro, garantindo que a situação ocorrida no primeiro mandato minoritário de Moreira (PS integrou o executivo com Manuel Pizarro e Correia Fernandes) não voltará a acontecer. "Pertence ao passado e não acabou bem", acrescenta. Tiago Barbosa Ribeiro partilhará a bancada socialista com Rosário Gamboa e Catarina Santos Cunha.
Também Sérgio Aires, considerado o grande vencedor da noite por ser o primeiro vereador eleito pelo BE em 22 anos, não quer ouvir falar em acordos. "Se Rui Moreira fizesse essa proposta estava a ser incoerente dado todo o historial que tem com o Bloco nomeadamente na Assembleia Municipal. E, depois, estamos em desacordo em praticamente tudo!", explica Sérgio Aires.
Por seu lado, Vladimiro Feliz garante que os eleitos irão cumprir os mandatos como vereadores sem pelouro durante os quatro anos.
"O PSD vai cumprir com a proposta apresentada aos portuenses, onde estão enumeradas as 275 medidas fundamentais a implantar pela Câmara do Porto. Tudo o que, na nossa opinião, fuja aos interesses dos habitantes desta cidade e se oponha às linhas do nosso programa, vai contar com a oposição dos vereadores sociais-democratas", diz Vladimiro Feliz.
Já Ilda Figueiredo da CDU diz que "ainda é cedo" para ter uma opinião e que terá de refletir sobre os resultados mas as incompatibilidades com Moreira são conhecidas. Recorde-se que em 1994 a comunista recebeu do socialista Fernando Gomes o pelouro da Saúde e Sanidade mas esta colaboração também acabou mal.
Recorde-se que o movimento de Rui Moreira conseguiu seis (com ele foram eleitos Filipe Araújo, Catarina Araújo, Ricardo Valente, Pedro Baganha e Cristina Pimentel) dos 13 mandatos, menos um do que nas autárquicas de 2017, contra três do PS, liderado por Tiago Barbosa Ribeiro, dois do PSD, que apresentou Vladimiro Feliz, um da CDU e um do Bloco de Esquerda (BE), que elegeu o sociólogo Sérgio Aires.
PSD ganha em Paranhos e PS em Campanhã
O Porto, O Nosso Movimento conquistou a presidência da maioria das freguesia: Tiago Mayan (Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde), João Aguiar (Bonfim), Nuno Cruz (Centro Histórico), Patrícia Rapazote (Ramalde) e Sofia Maia (Lordelo do Ouro e Massarelos). Miguel Seabra (PSD) venceu em Paranhos e o socialista Ernesto Santos continuará a liderar em Campanhã.