São 7.30 horas da manhã e as praias de Armação de Pêra já estão cheias de toalhas e chapéus de sol, apesar de não se ver vivalma junto ao areal.
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Em plena época alta, com a ocupação hoteleira a bater recordes, é assim o ritual naquela localidade do concelho de Silves, onde, para garantir um bom lugar, é preciso levantar cedo da cama, mesmo que depois se volte para ela.
Dizem os comerciantes e os habituais frequentadores que o mar roubou espaço ao areal nos últimos anos, de tal forma que, durante a maré alta, quase não ficam lugares disponíveis. "Quem quiser dormir e vir só às 11 horas nem nas rochas vai ter lugar", observa, bem-disposto, Manuel Rodrigues, de Bragança, que passa férias em Armação de Pêra há cerca de 20 anos. O transmontano é um dos que se levantam cedo, deixa a família a dormir em casa, monta o chapéu e deixa as toalhas, e vai depois comprar pão e tomar o pequeno-almoço.
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José Silva tem um quiosque junto à praia e garante que o fenómeno das "reservas de madrugada" não é novo. "Já é assim há muito tempo. Este ano é que colocaram um vídeo no Facebook e anda tudo a falar disto", observa.
Só não fica de noite porque...
A verdade é que às oito da manhã, quando ainda nem as lojas do passeio marítimo abriram, já o espaço nas áreas não reservadas da praia está cheio. "E só não se deixa aí as coisas de noite, porque alguns engraçadinhos podiam levá-las", observa Manuel Rodrigues.
Estas "reservas" causaram alguma polémica nas redes sociais, mas os banhistas com quem o JN falou não entendem a razão das críticas. "Quem quer aproveitar as férias levanta-se cedo", diz José Gomes, de Famalicão, assegurando que todos os dias sai de casa às sete da manhã.
O grupo de amigos que o JN encontrou na praia antes das oito da manhã conta que ir cedo para a praia é também uma tradição e fortalece a ligação que se iniciou precisamente ali. "Vimos cedo e aproveitamos bem. Há uns anos até fizemos um churrasco ao final da tarde. Durou até as melgas começarem a picar", recordam.
Miguel Andrade, do Porto, lembra que não "há lei que proíba reservar o lugar" e que "as praias não têm horário". "O problema é que o mar tem roubado - e de que maneira - areia à praia e as pessoas não têm alternativa", conclui José Silva.