Menos temperos é o segredo da casa que faz parte dos 32 estabelecimentos de Ponte de Lima que aderiram ao fim de semana gastronómico. O prato está a ser servido hoje e amanhã.
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Reparte a sua vida entre três paróquias do concelho de Arcos de Valdevez e um restaurante em Ponte de Lima. O padre João Lima de 76 anos, tem uma doutrina própria: tratar "da alma e do corpo" no altar e "do corpo e da alma" à mesa.
No seu restaurante, o Açude, situado junto ao rio Lima, um dos pratos de que é devoto para confortar o ser humano é o famoso arroz de sarrabulho. E por isso, este sábado e domingo, também faz parte do roteiro de 32 estabelecimentos, que lhe dedicam mais um fim de semana gastronómico.
A iniciativa é da Câmara de Ponte de Lima e a quem comer sarrabulho, o restaurante oferece leite-creme de sobremesa. No caso do Açude, à comida da cozinheira Maria das Dores e sua ajudante Helena, acresce a vista panorâmica sobre o rio e a boa disposição do padre João.
"Aqui o sarrabulho é divinal. É quase como o polvo. Uma vez um cliente disse-me: "isto está divinal, de onde é que veio este polvo?". Respondi-lhe: "se o senhor está dizer que é divinal, então veio do céu". Com o sarrabulho é a mesma coisa, aqui também vem do céu", brinca o anfitrião.
"O nosso sarrabulho leva menos temperos, menos cominhos e pouco sal. Quando os clientes querem mais cominhos, põem", afirma, referindo que ali, além de produtos de qualidade, o segredo do prato "é a mão da cozinheira Dores, que ninguém leva".
Maria das Dores, que se habituou desde criança a assistir a matanças de porco e a cozinharem sarrabulho em casa dos pais, aprendeu nova a arte de o confecionar."A calda é o principal. A água coze as carnes com cebola, alho, loureiro e os condimentos todos, e depois, coa-se e faz-se dali o arroz, misturando um pouco mais de água", descreve.
Receita
Em Ponte de Lima, o arroz de sarrabulho leva três carnes: porco, galinha gorda e vaca. São cozidas em água com louro, cravinho, noz-moscada, pimenta e sal, e depois desfiadas. A água da cozedura é aproveitada para confecionar o arroz. Quando estiver meio cozido, junta-se o sangue do porco com um pouco de vinagre e carnes desfiadas. No fim sumo de limão e cominhos. Acompanha com rojões, belouras, farinheira e chouriça verde.