O segundo banco de leite materno do país entrará em funcionamento em setembro no Hospital de São João, no Porto. O centro hospitalar, a propósito do Dia Mundial do Aleitamento Materno, que se comemora hoje, garante que a obra está concluída, decorrendo a aquisição de equipamentos e a formação de profissionais para que o serviço possa entrar em atividade. A abertura esteve prevista para novembro passado, mas será no final deste verão. O investimento ascende a 350,6 mil euros.
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Em Portugal, só existe um banco de leite humano em funcionamento desde novembro de 2009 na Maternidade Alfredo da Costa, no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. E faz a recolha de doações de leite materno (até hoje, foram quatro mil litros), que se destinam a alimentar recém-nascidos, com menos de 32 semanas, e, também, os "extremo prematuros", com menos de 28 semanas, cujas mães tenham pouco ou nenhum leite. Também são beneficiados bebés submetidos a cirurgia digestiva ou com intolerância a fórmulas para lactentes.
Chegar a mais hospitais
Desde a fundação do banco de leite materno e das primeiras doações há quase 13 anos, foram amamentados "mais de 1800 prematuros", maioritariamente na Unidade de Cuidados Intensivos e Intermédios da Maternidade Alfredo da Costa, esclarece o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.
O leite doado já alimentou, "desde 2010, algumas centenas de prematuros do Hospital Fernando Fonseca (Amadora/Sintra) e, desde 2016, algumas dezenas de prematuros do Hospital de Cascais". Atualmente, as instalações do banco estão a ser reformuladas, "incluindo a manutenção e a reparação dos equipamentos, de modo a torná-las mais funcionais e aptas para certificação externa". Mas já se planeia a "descentralização dos locais de recrutamento de doadoras e de colheita", assim como o alargamento do "fornecimento de leite a outras unidades de cuidados intensivos neonatais da área da Grande Lisboa".
Servir todo o norte
A instalação do banco de leite materno do Norte conta, há vários anos, com a colaboração da maternidade, partilhando informações, experiências e normas. No Porto, ultima-se o apetrechamento das instalações, incluindo uma "copa de leites", onde serão "preparados todos os leites com fórmulas especiais".
A pensar na abertura, preparam-se, explica o hospital de S. João, "mecanismos de recolha de leite de dadoras na região Norte" e informação sobre o projeto para divulgar "a profissionais de saúde, grávidas e potenciais dadoras". Hoje, quando não há leite materno, as unidades de neonatologia do Norte recorrem "a fórmulas adaptadas, acarretando maior risco" para os bebés. "Neste contexto, todos os bebés do Norte serão potencialmente beneficiados. Várias mães já manifestaram interesse em serem dadoras".
Atividade foi afetada pela pandemia
O surgimento da pandemia de covid-19, no primeiro trimestre de 2020, dificultou a atividade do banco de leite materno, sediado na capital. "Principalmente durante o confinamento, havia o receio de as dadoras se dirigirem aos laboratórios hospitalares (ou outros) para realização de análises, o que originou o armazenamento de muito leite cru e pasteurizado, que não podia ser dado aos prematuros por falta de análises de controlo", informa o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, à qual pertence a Maternidade Alfredo da Costa. Ainda assim, foram recebidos 453 litros de leite materno em 2020, 507 litros em 2021 e 111 litros já neste ano.