Dificuldade em agendar testes está a deixar as famílias apreensivas com a impossibilidade de fazer visitas no Natal.
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Em oito dos 11 concelhos do distrito de Castelo Branco, nenhuma farmácia aderiu ao programa de realização de quatro testes gratuitos por mês custeados pelo Estado. A falta de locais para fazer testes à covid-19 pode vir a reduzir as visitas aos doentes internados nos hospitais ou a quem vive em lares.
"Não temos condições para fazer os testes, quer em termos humanos quer físicos", justifica Sílvia Guerra, da Farmácia Guerra, em Oleiros. "É exigida uma porta de entrada diferente para a zona de testes, por exemplo", indica a responsável. Na vila, contudo, existe o único laboratório do distrito, que aderiu a esta medida.
No concelho de Castelo Branco, quatro farmácias aderiram ao programa; no Fundão três; e de quarta-feira para ontem, entrou na lista uma farmácia na Covilhã.
"Estamos a informar as famílias dos utentes sobre a necessidade de trazerem na visita um certificado negativo à covid. Ficaram muito preocupadas porque não há vagas, não há mais locais para fazerem testes. Muitas não têm possibilidade de o pagarem pelo próprio bolso", lamenta Raquel Ribeiro, diretora da Associação Mutualista da Covilhã, com 40 idosos em lar. "É pena, porque estamos numa época festiva. Acredito que muitos destes utentes ficarão sem visitas e outros em menor número", completa a responsável.
Jorge Augusto, delegado da Associação Nacional de Farmácias (ANF) em Castelo Branco, diz que a maior parte das farmácias do interior do país são "um estabelecimento com zona de armazenamento e atendimento. É impossível assegurarem mais serviço".
Para além disso, "o valor da comparticipação - que é de 10 euros por cada teste feito - não compensa a responsabilidade". Na Farmácia Nuno Álvares, da qual Jorge Augusto é diretor técnico, a realização de testes está na capacidade máxima, ou seja, entre 60 a 70 recolhas por dia, e sem atrasos na entrega de resultados. "Temos marcações para efeitos de visitas a lares, ao hospital, à Receção ao Caloiro ou para o jogo Sporting-Benfica. Já só temos vagas para dia 9", diz, lembrando que, tal como em muitas outras farmácias, esta também está a administrar a vacina da gripe e outros injetáveis.
Na próxima quarta-feira, na reunião da Comissão Distrital de Proteção Civil, o presidente da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa e presidente do município de Proença-a-Nova, João Lobo - concelho onde não existe disponibilidade de testes gratuitos - o tema será debatido. "A medida é transversal a todo o país e os cidadãos devem ter as mesmas oportunidades. Se for caso disso, o que parece ser, queremos falar com o secretário de Estado da saúde para poder articular uma solução, entre a tutela, a unidade local de saúde e municípios", frisa o autarca.