A Sociedade Frente Tejo, que o Governo admite extinguir antes do final do ano, alertou esta quinta-feira que desconhece a estratégia da tutela para projectos com compromissos assumidos e que têm financiamento comunitário assegurado de três milhões de euros.
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O presidente do conselho de administração da Frente Tejo, João Biencard Cruz, realça que alguns projectos a realizar na área de intervenção da sociedade "contam com compromissos assumidos que pressupõem investimento de capital privado, como é o caso da Pousada de Portugal e do Torreão Poente".
Numa nota à imprensa em que divulgam uma carta enviada ao jornal 'i', uma das publicações que esta quinta-feira avançaram notícias sobre a extinção da empresa, Biencard Cruz recorda ainda que a Frente Tejo SA teve uma dotação inicial de 13,5 milhões de euros provenientes da extinção do Fundo Remanescente para a Reconstrução do Chiado e que, até hoje, "não houve qualquer outra transferência do Orçamento de Estado".
O responsável recorda ainda que o conselho de administração está desde o início deste ano a assegurar a gestão da empresa, mas que o seu mandato terminou no final de Dezembro do ano passado, sem que tivesse havido "qualquer decisão da tutela sobre a sua situação jurídico-profissional".
A extinção da sociedade, criada em 2008 para promover a reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa, já estava prevista nos respectivos estatutos para final deste ano, mas o Governo veio admitir esta quinta-feira que está a estudar a possibilidade de antecipar o fim da Frente Tejo SA.
A sociedade desde sempre se confrontou com falta de verbas para conseguir avançar com as intervenções que lhe estavam destinadas.
O próprio presidente da Frente Tejo já tinha admitido em Abril que algumas obras deveriam ficar 'na gaveta' por falta de verbas, caso não fosse desbloqueado, por exemplo, o processo de alienação do edifício do Tribunal da Boa Hora.
A operação poderia fazer entrar nos cofres da sociedade cerca de oito milhões de euros, uma verba que ajudaria a suportar algumas obras, entre as quais a intervenção no Campo das Cebolas.
Contudo, várias foram as vozes que se levantaram contra a transferência do imóvel para a Frente Tejo, como o Movimento para a Defesa da Boa Hora. Depois disto o processo voltou à estaca zero.