Vendedores que há anos têm negócio na feira do Marco de Canaveses correm o risco de perder o lugar.
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A nova forma de distribuição dos pontos de venda adoptada pela Câmara Municipal está a gerar polémica.
A Autarquia entendeu que, na sequência do fim da arrematação dos lugares em leilão determinado pela lei, a disponibilização de espaços na feira deve ser feita, "lugar a lugar", por intermédio de sorteio. Um modelo que vai ser adoptado já a partir do próximo ano. Na região, o Marco de Canaveses será o primeiro concelho a pôr em prática a nova legislação.
Entre os vendedores reina a apreensão. António Miguel assenta arraiais na feira do Marco há duas décadas. "Ainda o negócio se realizava na Alameda do Hospital", precisou o feirante, que desconfia bastante do novo sistema estipulado pela Autarquia: "Corro o risco de deixar de ter lugar para vender".
O vice-presidente da Câmara do Marco de Canaveses, José Mota, admitiu que esta inquietação "até pode ter razão de ser", mas ressalvou que o sentimento já não é de agora. "Os feirantes sabem que os lugares de venda sempre tiveram um prazo de dois anos", explicou. Ou seja, ninguém tem lugar vitalício na feira.
O autarca deixou o alerta: "Se não houver esta nova arrematação de lugares, a partir de 3 de Janeiro, ninguém tem licença para vender o que seja na feira do Marco". Para José Mota, a nova lei "deixa de privilegiar quem tem mais poder económico". "Acabam os leilões e passa a existir candidaturas aos lugares", acrescentou.
No entanto, a Câmara do Marco de Canaveses comprometeu-se com os feirantes inteirar-se sobre o que se está a passar nos outros concelhos da região para perceber se está haver uma interpretação diferente da lei que passou a regular a distribuição de lugares de venda em feira. E admite mesmo recuar, se "houver lugar a uma interpretação diferente", que possa ter sido adoptada noutros municípios, "mas sempre dentro da legalidade", conforme esclareceu o vice-presidente. " Dá a ideia que estamos a ser precursores desta alteração e estamos a pagar por isso " desabafou José Mota.
Os feirantes pedem que a regra vire excepção, ou seja, que o sorteio se aplique apenas aos lugares que não estão arrematados e apenas para os feirantes que actualmente não têm lugar fixo.