A vila de Aljezur vai ter o primeiro hotel de cinco estrelas da costa Sudoeste do Algarve, construído ao abrigo de um projecto inovador que usa o território do parque natural como "cartão de visita" para os hóspedes.
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O hotel é o primeiro daquela tipologia a ser construído na costa sudoeste do Algarve, região onde a hotelaria de luxo se concentra sobretudo no eixo Vale do Lobo-Vilamoura-Quinta do Lago e em Albufeira e Portimão. A unidade será construída na zona de Canal Malhões, perto da praia do Canal, e terá um total de 118 camas, um SPA, várias piscinas (uma das quais biológica) e um fórum com restaurantes, bar e esplanada.
Para diminuir o impacto da construção de um grande edifício numa zona quase selvagem - a unidade insere-se no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina -, algumas zonas do hotel estarão abaixo do solo.
O SPA estará praticamente todo enterrado no solo e é complementado por um percurso de quatro quilómetros - distância a que o hotel fica do mar -, uma espécie de "terapia" complementar para os hóspedes.
De acordo com o arquitecto responsável pelo projecto, João Favila, do ateliê Bugio, em Lisboa, a ideia é causar nos hóspedes uma experiência à escala do território e não apenas à escala do quarto.
"Em vez de ser um hotel que olha para a paisagem em contemplação, pensámos na paisagem como uma espécie de experiência" disse, sublinhando que o maior desafio foi projectar um hotel numa zona sem construção.
Assim, o percurso que liga o hotel à praia funcionará como uma experiência integrada no SPA, estrutura que estará praticamente toda enterrada no solo e que disporá de pequenos compartimentos adjacentes para tratamentos.
Outra das ideias do arquitecto para não perturbar a paisagem natural tem a ver com o bar de praia do hotel que, em vez de ser construído no areal, funcionaria numa carrinha eléctrica que ao fim do dia seria recolhida.
O investimento previsto é de 14 milhões de euros e estará a cargo da "holding" madeirense grupo Leacock Investimentos, que pela primeira vez aposta na construção de um hotel no continente português.
"Este não é um modelo de hotel já testado", frisa João Favila, reiterando a dificuldade em projectar um grande hotel numa zona praticamente selvagem, inserida em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
O futuro hotel enquadra-se no mesmo conceito de unidades situadas na Madeira como a Quinta dos Jardins do Lago e a Quinta da Casa Branca, esta última nomeada para o prémio Secil e prémio Mies Van der Rohe em 2001.