Uma empresa têxtil de Famalicão desenvolveu um acabamento antiviral que inibe os vírus, nomeadamente o novo coronavírus Sars-Cov-2 (que provoca a doença covid-19), e pode ser aplicado em malhas, tecidos e TNT (tecido não tecido, obtido através de uma liga de fibras com polipropileno).
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"Apesar de inanimado, o vírus consegue estar num material têxtil cerca de 48 horas, mas com este acabamento damos segurança, porque ele é inativado nos primeiros cinco minutos e escusamos de lavar a roupa ou colocá-la em quarentena", explicou Luís Cristino, administrador da Hindu - Technical Textiles, que desenvolveu o novo acabamento, denominado "Protect by Hindu", em conjunto com parceiros estrangeiros. O responsável nota que a nova tecnologia começou a ser desenvolvida em finais de abril e os testes realizados até meados de setembro permitiram concluir que o novo acabamento aplicado em tecidos, malhas e TNT é capaz de "inibir até 99,9%" de vírus e bactérias, incluindo o Sars-Cov-2. A eficácia está comprovada até 30 lavagens, diz Luís Cristino.
tingimento
A Hindu começou a funcionar em 2012, e desde então que se dedica ao tingimento de malhas e tecidos, maioritariamente para o setor automóvel, mas também para vestuário técnico de desporto e alta performance. Mas a crise causada pela pandemia fez com que as encomendas parassem.
"Fomos atropelados por esta pandemia e, de uma hora para a outra, ficamos sem encomendas. O setor automóvel parou em março e, até meados de abril, ainda tivemos encomendas, mas depois, e até hoje, as do setor automóvel continuam a zero e as de moda estão a menos de metade", notou o administrador. Cerca de 60% da produção destinava-se ao setor automóvel.
Confrontada com esta realidade, a têxtil, que já trabalhava com acabamentos de repelência, antiestáticos de fácil limpeza, antibacterianos e controlo de suor, decidiu desenvolver um acabamento que pudesse ser aplicado nos equipamentos de proteção individual. Até porque muitos dos seus clientes se dedicaram ao fabrico de equipamento de proteção individual.
38 trabalhadores
Na Hindu trabalham 38 pessoas que, atualmente, está a laborar a 70% da capacidade. O administrador espera que em janeiro comecem a chegar encomendas do setor automóvel.
Aposta no futuro
Para Luís Cristino, o acabamento é uma aposta no presente mas também no futuro, porque acredita que será "normalizado".