Trabalhadores da Carris apresentaram "queixas sucessivas" sobre manutenção dos elevadores em Lisboa
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Na perspetiva de Manuel Leal, o descarrilamento do elevador da Glória, "lamentavelmente, [...] veio dar razão a estas queixas dos próprios trabalhadores"
EPA
Os trabalhadores da empresa municipal Carris, em Lisboa, apresentaram "queixas sucessivas" quanto à necessidade de manutenção dos elevadores, inclusive o da Glória que hoje descarrilou, afirmou Manuel Leal, dirigente sindical da Fectrans e do STRUP. Empresa garante que o programa de manutenção foi cumprido.
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"Fundamentalmente, aquilo que nos parece sobre este acidente é que deve haver um inquérito rigoroso às suas causas [...], deve haver este inquérito às causas profundas deste acidente, até porque os trabalhadores já vêm reportando de há muito tempo questões da necessidade da manutenção destes elevadores voltar à responsabilidade dos trabalhadores da Carris e não ser entregue a empresas exteriores, como é o caso concreto do elevador da Glória", afirmou Manuel Leal, em declarações à agência Lusa.
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Representante de todos os trabalhadores da Carris, o dirigente sindical da Fectrans - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Transportes e Comunicações e do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) lamentou profundamente as vítimas do descarrilamento do elevador da Glória, sem dispor de informação sobre a situação em que estará o guarda-freio.
"Os próprios trabalhadores iam reportando, de facto, estas diferenças em termos daquilo que a manutenção que há uns anos era feita pelos trabalhadores da Carris e as diferenças para a manutenção que é feita hoje, nomeadamente com queixas sucessivas dos trabalhadores que lá laboram quanto ao nível de tensão dos cabos de sustentação destes elevadores", adiantou.
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Na perspetiva de Manuel Leal, o descarrilamento do elevador da Glória, "lamentavelmente, [...] veio dar razão a estas queixas dos próprios trabalhadores e deve levar o Conselho de Administração, perante um inquérito rigoroso a estas causas, a reequacionar a entrega a privados desta manutenção", fazendo com que a manutenção volte à responsabilidade da qualidade com que os trabalhadores das oficinas da Carris têm sempre colocado na manutenção do material circulante.
No site oficial, a empresa divulgou uma nota, em que garante "que foram realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção", especificando: "a manutenção geral, que ocorre a cada quatro anos e que ocorreu em 2022, a reparação intercalar, que é concretizada de dois em dois anos, tendo, neste caso, a última sido realizada em 2024, e têm sido escrupulosamente cumpridos os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária".
Numa nota, o presidente da República "lamenta profundamente o acidente ocorrido esta tarde com o elevador (funicular) da Glória, em Lisboa, em particular as vítimas mortais e os feridos graves, bem como os vários feridos ligeiros".
O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou esta tarde, pelas 18:04, na Calçada da Glória.
Meia hora depois, em declarações à Lusa, a diretora municipal da Proteção Civil, Margarida Castro Martins, indicou que há registo de 20 pessoas envolvidas, dois feridos em estado crítico, cinco ligeiros e vários encarcerados.
De acordo com a página da Autoridade Nacional de Emergência e proteção Civil, pelas 19:30, estavam no local 62 operacionais e 22 viaturas.
O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.
