Os trabalhadores da área comercial da Soflusa, empresa responsável pelas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa, vão voltar a fazer greve nos dias 28 de janeiro e 4 de fevereiro, reivindicando a progressão de carreiras, informou fonte sindical.
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"As reivindicações continuam a ser as mesmas, a valorização da carreira profissional, a formação, a questão de ética e segurança. Nada foi resolvido, continua tudo na mesma situação e é por isso que convocamos nova greve", explicou à agência Lusa Carlos Costa, da Fectrans - Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.
Desde outubro do ano passado que os trabalhadores da área comercial da Soflusa reivindicam a valorização da carreira de agente comercial, a contratação de novos trabalhadores e a formação em novas aplicações a nível de bilheteira, sendo esta a quarta vez que convocam uma greve.
Em declarações à Lusa em novembro, Carlos Costa avançou que a "divergência" com um dos sindicados que não é subscritor do pré-aviso de greve dificultou as negociações com a empresa, que teria apresentado uma proposta em relação à valorização de carreiras.
Empresa afirma que prioridade é ter todos os navios "a funcionar"
A presidente da Soflusa, Marina Ferreira, garantiu esta quinta-feira que os navios da empresa são "dos melhores que há no mercado" e que a prioridade, para resolver os atrasos e supressões, é ter toda a frota "a funcionar".
"O fundamental na Soflusa, neste momento, é conseguir ter os navios todos a funcionar, porque infelizmente existem situações muito difíceis do ponto de vista dos estaleiros. Os navios da Soflusa, por serem tão bons, exigem um tratamento mais profundo do que os da Transtejo e temos navios que estão parados há imenso tempo, isso é que é a nossa prioridade, verificar o que podemos melhorar porque os navios não podem ficar tanto tempo nos estaleiros", revelou à Lusa Marina Ferreira.
Na semana passada, o Conselho de Ministros aprovou o plano de renovação da frota da Transtejo, que faz as ligações fluviais entre Seixal, Montijo, Cacilhas, Trafaria/Porto Brandão e Lisboa, com a compra de dez novos barcos.
Já na terça-feira, o PSD de Setúbal acusou o governo de, com esta medida, estar a adiar a resolução de problemas da Soflusa, que tem "supressão de carreiras sem aviso prévio, embarcações sobrelotadas e atrasos constantes que causam grandes constrangimentos".
A presidente da Transtejo e Soflusa revelou que vê esta greve "com enorme preocupação" e que tem "total disponibilidade para encontrar uma solução".
Segundo a responsável, em junho do ano passado, o Acordo de Empresa foi assinado por todas as estruturas sindicais e que, neste momento, não existindo um processo negocial aberto, "é difícil enquadrar uma reivindicação legítima de valorização salarial de uma carreira específica".
Quando questionada se a administração teria voltado atrás na proposta apresentada, devido às divergências sindicais, a responsável indicou que "os factos são sempre suscetíveis de muitas interpretações".
"Nós estávamos a negociar um regulamento de carreiras e manifestamos disponibilidade para, no âmbito desse processo negocial em curso, encontrar uma solução para estes trabalhadores. Infelizmente, os processos negociais têm regras e o que sucedeu é que os sindicatos, exceto os subscritores do pré-aviso, entenderam que essa disponibilidade não faria sentido porque havia um Acordo de Empresa", explicou.
Autorização do Ministério das Finanças para contratação de trabalhadores
Em relação às outras reivindicações, Marina Ferreira garantiu que a formação solicitada "já foi feita", assim como as "adaptações ao sistema de bilhética".
A empresa também recebeu uma autorização do Ministério das Finanças para contratação de trabalhadores, "mas não para a área comercial", apenas para a marítima.
Apesar de Carlos Costa garantir que a Fectrans já fez o pedido de uma nova reunião com a administração, a presidente da empresa disse que "não há reuniões marcadas nem pedidas".
"A disponibilidade da administração é total, sempre, para analisar as soluções não só com os sindicatos subscritores do pré-aviso de greve, mas com todos os sindicatos da empresa. Caso haja algum pedido de reunião serão recebidos, como sempre foram", frisou.
Marina Ferreira reforçou ainda que a Soflusa "tem vindo a fazer tudo" para limitar o impacto da greve nos passageiros, tendo pedido a marcação de serviços mínimos ao Tribunal Arbitral.
De acordo com a empresa, nesta área comercial trabalham cerca de 25 pessoas.