Congresso em Paredes de Coura aborda áreas vulneráveis suscetíveis de movimentos em massa no Norte.
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O dia 7 de dezembro de 2000 ficou marcado a negro na história do concelho de Arcos de Valdevez: um deslizamento de terras matou quatro pessoas no lugar de Frades, freguesia de Portela. Dezanove anos depois, o fenómeno dos movimentos em massa, que soterrou habitantes e destruiu habitações naquela aldeia, continua a preocupar especialistas. A Região Norte apresenta áreas vulneráveis.
O risco de incidentes como aquele mantém-se e a prevenção tarda. Especialista há 30 anos em investigação de riscos, o professor associado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Luciano Lourenço, é este sábado, em Paredes de Coura, um dos oradores no congresso transfronteiriço de Meteorologia e alterações climáticas.
Apresentará Frades como exemplo da gravidade que as manifestações do risco geomorfológico podem alcançar, na ausência de prevenção.
O deslizamento de terras com arrastamento de escombros, rochas e lamas ao longo de 200 metros, em declive, ocorreu após um longo período de chuvas. As quatro vítimas mortais foram apanhadas, sem escapatória, quando se encontravam em casa. O resgate dos corpos foi concluído a 13 de dezembro, uma semana depois da tragédia.
"Este caso de estudo ilustra bem a complexidade de que, por vezes, se reveste o estudo dos riscos, enquanto somatório de processos, que, quando se conjugam favoravelmente, podem acarretar consequências bem danosas e envolver complexas operações de socorro. Mormente quando, como foi o caso, não se reduziram as vulnerabilidades em tempo oportuno, uma vez que nada faria supor que tal pudesse vir a acontecer", afirma o especialista, que irá ainda abordar "áreas vulneráveis" na Região Norte.
Ao JN referiu que em Paredes de Coura fará passar a mensagem de que "mais vale prevenir do que remediar". "É uma lição que tarda em ser aprendida e aplicada. Será suficiente pensar no risco de incêndios florestais para ver que há muito a fazer em matéria de prevenção. Se olharmos para os outros riscos verificamos também que, na generalidade, ainda há um longo caminho a percorrer", disse.
A saber
120 participantes
O congresso vai abordar o tema "Meteorologia e alterações climáticas no Noroeste peninsular - passado, presente e cenários futuros" e contará com 120 participantes.
Projeto IRINA
Em Coura vai ser apresentada uma fórmula inovadora de cálculo de índice de risco natural (IRINA) aplicável a incêndio e geada, criada por um grupo de alunos da escola de Freixo, em parceria com o IPVC.