Um corrupio de jovens universitárias, quase todas acompanhadas pela família, invade a loja "Capas Negras", na Praça da República, no Porto. Um movimento pouco habitual para um início de semana, com a Queima das Fitas ainda a semanas de distância. Mas "elas têm a fama de tratar de tudo com a devida antecedência", ouve-se.
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João Pereira confessa que não tem tido "mãos a medir para as encomendas", enquanto segura uma saia que é preciso apertar. "Desde o início deste mês que tem sido assim, a tal ponto que está a começar a esgotar quase tudo", confessou o comerciante, que diariamente atende "centenas e centenas de pedidos".
"Teremos mais 200 a 300 trajes para venda. Depois disso, quem conseguir comprar traje que o guarde que é ouro", sublinhou João Pereira.
Quem recorre à Capas Negras sabe que tem o "trabalho facilitado", como descreveu uma caloira de Contabilidade: "Compramos não só o traje, mas também a pasta, a cartola, as fitas e até os emblemas".
À saída da loja, acompanhada pela mãe, pelo pai e pela madrinha, Ana Silva, 19 anos, respira de "alívio", enquanto segura um saco cheio. "Tratei de tudo com alguma antecedência, porque imaginei que depois de dois anos sem haver Queima, isto ia ser uma loucura".
João atesta o frenesim diário dos últimos dias, dos quais "até já tinha saudades", explicando que a situação ainda "é mais complicada, porque não são só os habituais caloiros a trajar, mas os segundos e terceiros anos que, por conta da pandemia, foram adiando a compra dos fatos".
Para piorar a situação da falta de oferta, mesmo tendo os trajes neste estabelecimento sofrido "um ligeiro aumento de dez euros" - o traje feminino custa 140 euros e o masculino 190 - o lojista atesta que por conta da guerra "também não há tecidos".
Negócio com filas
O mesmo problema tem sentido Cristiana Veludo de A Toga, na Rua de Fernandes Tomás, confirmando que "há pouco material por falta de matéria-prima".
Com o início do ano académico, "por volta de setembro/outubro", arrancaram as compras dos trajes, ainda que a "azáfama seja muito maior agora", contou Cristiana.
Ao ponto de o negócio chegar a ter filas e de ter de "mandar muita gente para a loja de Coimbra (onde é a sede) por ter mais oferta e as encomendas demorarem menos tempo, porque é lá que são feitos os arranjos".
Cristiana referiu também a dificuldade de "ter mais do que um ano a trajar", salientando que, por isso, a venda dos trajes está a correr "acima das expectativas".
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