Passeios e passadeiras enchem-se de malas. Carros de matrícula estrangeira preenchem as ruas da cidade. No aeroporto, 35% dos passageiros são da Ryanair.
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Quem não conseguiu vencer a saudade de visitar o Porto juntou-se a quem já tinha viagem marcada antes do estalar da pandemia e uma multidão de turistas e emigrantes invadiu a cidade. Pelo aeroporto Francisco Sá Carneiro, entre abril, maio e junho, já chegaram mais 25 mil passageiros do que no mesmo período de 2019. No total, a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) contou 3,5 milhões de pessoas a passarem pelo aeroporto no segundo trimestre deste ano.
Na cidade, nos passeios e passadeiras fintam-se malas e as ruas enchem-se de carros com matrículas estrangeiras. Os parques de estacionamento não têm lugares livres e o trânsito, já condicionado pelas obras do metro, acumula-se na Baixa.
espanhóis o ano todo
Entre as nacionalidades que mais visitam o Porto, os espanhóis ocupam o primeiro lugar. Até porque marcam presença "durante todo o ano", nota Anabela Lino, de 32 anos, do posto de turismo da Living Tours, na Rua de Mouzinho da Silveira.
Aos turistas do país vizinho somam-se, por esta altura, "muitos franceses, incluindo emigrantes portugueses a residir em França, alemães, americanos e também canadianos".
Mas o regresso do turismo e a recuperação do setor estão já a sentir-se desde março.
"Desde a Páscoa que o nível de fluxo de turistas no Porto está acima de 2019", observa Vítor Bezerra, de 36 anos, gerente sénior de vendas da Living Tours e colega de trabalho de Anabela. Isto porque, além "de o Norte e a região do Douro estarem muito bem posicionados internacionalmente, a nível de preço, e em relação a outras principais cidades europeias [a do Porto] é um bocadinho mais barata".
Dos passageiros que chegaram ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro no segundo trimestre deste ano, 35% deles foram trazidos pela companhia aérea irlandesa Ryanair. Em segundo lugar na tabela está a EasyJet com 16% e só depois surge a TAP, a movimentar 11% dos passageiros.
"novos desafios"
Perante a retoma do setor, que a Câmara do Porto reconhece ser uma "importante fonte de receitas da economia local", há "novos desafios que estão a ser identificados pela Autarquia". Entre eles está, precisamente, a pressão que o volume de turistas pode ter no Centro Histórico da cidade.
Por isso mesmo, a vereadora da Câmara do Porto com a pasta do Turismo e da Internacionalização, Catarina Santos Cunha, afirma que "com vista à qualificação da oferta turística, o Município tem em curso um exaustivo trabalho de avaliação dos procedimentos adotados pelos operadores turísticos, e tem igualmente apostado no desenvolvimento de programas específicos que protejam e garantem uma sã convivência entre moradores e visitantes".
A autarca acrescenta que a Câmara do Porto está "a desenvolver uma estratégia de diversificação dos circuitos turísticos da cidade do Porto". O objetivo é "aliviar a pressão do Centro Histórico, em cooperação com diferentes entidades do setor", clarifica.