A Universidade Intergeracional de Ramalde está a aberta a todos e tem diversas atividades. O objetivo passa por unir gerações.
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Quem chega pela calçada de paralelo ao pé da estação de metro de Ramalde, no Porto, dá de caras com a Universidade Intergeracional (Unir) da freguesia e apura logo os ouvidos: "Quem vem e atravessa o rio/ junto à ponte do pilar..." Os versos de Carlos Tê cantados por Rui Veloso são interpretados pela Tuna da Unir - um grupo de músicos entre os 59 e 81 anos com cavaquinhos, violas e até um bombo. Da janela já se vê a tuna alinhada por filas a rejubilar com a canção, ainda que com o sorriso tapado pelas máscaras.
Conceição Fernandes, 62 anos, natural de Fafe e residente na Senhora da Hora (Matosinhos), faz parte da trupe e chega-se à frente para conversar: "Adoro andar cá". Depois de abreviar o sentimento, explica que tem um irmão que era autodidata na música e tocava viola", o que lhe estreitou o gosto pela música.
Já Manuel Lopes, 70 anos, de Ramalde, ajuda a tuna com as mãos na viola. Além desta atividade, frequenta "outras disciplinas" da Unir, "como por exemplo, História, Ritmos, Ginástica e Psicologia". Ambos corroboram que as disciplinas são uma "terapia". "A atividade intelectual e de lazer é importante para a nossa sanidade, o convívio e o contacto entre colegas é enriquecedor para todos nós", reconhece Manuel.
A Unir está instalada numa antiga escola primária e é um investimento de 330 mil euros da Junta de Ramalde. "O projeto começou em 2010, com uma parceria com a Universidade Fernando Pessoa. Em 2013, passou para este edifício, que foi requalificado, e transformou-se numa Universidade Intergeracional", conta ao JN Patrícia Rapazote, presidente da Junta. "O verdadeiro investimento é em faixas etárias que neste momento estão mais isoladas, é um combate ao isolamento, capacitando as pessoas de boas competências em várias disciplinas", observa a autarca.
Em prol do envelhecimento ativo, do combate ao isolamento e por uma vida ativa no período da reforma, a Unir tem várias disciplinas ao dispor da comunidade sénior, ultrapassando as fronteiras dos concelhos. "Estamos abertos a toda a população, queremos ser um projeto integrador", garante Tânia Rodrigues, coordenadora da Unir, explicando: "Cada disciplina custa cinco euros e o máximo que podem pagar é a mensalidade de 25 euros até seis atividades. As pessoas que não têm capacidade para pagar podem ser isentadas".
Os alunos têm oportunidade de aprender línguas como inglês, espanhol ou francês, podem participar na tuna, aprimorar conhecimentos de informática, aprofundar a História e até saber como descomplicar a vida na disciplina de Psicologia das Emoções.
A universidade tem 150 alunos, com capacidade e perspetiva de crescimento. Júlia Campos, da Unir, realça que outro objetivo do projeto travado pela pandemia é "juntar gerações". "Trazer ao convívio diferentes gerações é o que estamos a planear, agora que estamos a ganhar um novo fôlego com a pandemia. Queremos juntar gerações no mesmo espaço", diz a responsável.