Urgência de cirurgia do hospital de Mirandela vai continuar encerrada até ao fim do ano
Nem o recente acordo entre o Governo e o Sindicato Independente dos Médicos nem o cordão humano organizado pelo Município local levaram a administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) a reabrir aquela especialidade, fechada há dois meses.
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Afinal, já não será este ano que reabre o serviço de cirurgia geral da urgência do hospital de Mirandela, encerrado desde o dia 8 de outubro, quando os três cirurgiões que sempre estiveram afetos à especialidade foram alocados à urgência do hospital de Bragança (igualmente gerida pela ULSNE). Na origem da decisão estariam constrangimentos na elaboração de escalas devido à recusa da maioria dos médicos em realizar trabalho extra para lá das 150 horas.
Ao que apurámos, os profissionais de saúde tiveram conhecimento, esta sexta-feira, das escalas de serviço para todo o mês de dezembro e volta a não constar qualquer cirurgião para prestar serviço na urgência.
Tal como já tinha acontecido no início de novembro, o JN perguntou, por escrito, à administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) se a urgência de cirurgia geral iria reabrir, mas até agora não obteve resposta.
A reabertura da especialidade na urgência foi reivindicada por centenas de pessoas, no passado sábado, num cordão humano organizado pelo Município, com a autarca local, Júlia Rodrigues, a dar voz ao descontentamento, temendo que a medida possa tornar-se definitiva e venha a prejudicar mais de 45 mil pessoas dos cinco concelhos do sul do distrito de Bragança que recorrem àquela urgência (Mirandela, Alfândega da Fé, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães e Torre de Moncorvo).
Sendo assim, pelo menos até ao final do ano, os doentes que necessitem de ser vistos por um profissional de saúde daquela área, ou que tenham de ser submetidos a uma intervenção cirúrgica urgente, vão continuar a ser encaminhados para o serviço de urgência do Hospital de Bragança, a 60 quilómetros de distância.
No entanto, vários profissionais de saúde do hospital da cidade transmontana não escondem a preocupação, desconfiando que os três cirurgiões em causa já não regressem e com isso pode significar o princípio do fim da urgência Médico-Cirúrgica de Mirandela.