A padaria e pastelaria "A Tradicional", em Valongo, celebrou no passado dia 1 de abril os 20 anos de existência. Um percurso ascendente, feito passo a passo, que começou com a produção de pão, regueifa e pastéis, se expandiu com a abertura de dois novos espaços, em Alfena e Cete, e, mais recentemente, alargou a atividade a uma nova especialidade: a biscoitaria.
Corpo do artigo
"A padaria A Tradicional nasceu em 1999, fez dia 1 de abril 20 anos, era já uma padaria que estava para ser entregue à exploração e, como já tinha negócio no ramo, pois sou filho de biscoiteiro, decidimos tomar conta dela", conta o proprietário Abílio Lopes, padeiro e pasteleiro, que, juntamente com a mulher Paula Moreira, abraçou esta experiência.
De segunda a sexta-feira este espaço decida-se à produção de diferentes tipos de pão - trigo, regueifinhas, com cereais, de centeio, alfarroba, meio-sal, integral, entre outros - com cerca de sete a oito mil unidades a serem vendidos diariamente só na loja "mãe". Ao fim de semana e feriados, são feitos mais de 600 quilos de massa e dos fornos saem perto de 900 a 1000 peças regueifas de meio quilo, um quilo ou o peso que se desejar.
E o segredo por detrás da grande procura? "A regueifa da Tradicional não tem nada de especial. Ela é feita como os outros fazem, com farinha, água, sal e fermento. Depois é o carinho que a gente dá à massa", revela o padeiro, explicando a decoração da regueifa: "Os enfeites são a espiga de trigo, que simboliza o trigo; as regueifinhas, que é o pão de massa de regueifa que fazemos todos os dias; a concha, que também é feita com massa de regueifa só que é fechada. E depois é o que a criatividade nos der para fazer, podemos colocar letras, números, o que se quiser".
No entanto, houve um período em que a venda da regueifa decaiu um pouco. "O consumo diminuiu um pouco porque a roca é um produto mais prático, mais fácil de cortar e de trabalhar com ela", justifica Abílio Lopes, atirando: "Mas, bom, bom, é a regueifa mesmo". E se estiver bem tostadinha por fora, segundo o padeiro "ainda é melhor".
"A partir do momento em que se começou a fazer a Feira do Pão, da Regueifa e do Biscoito a procura voltou a aumentar. Depois, com o aparecimento da Confraria a venda da regueifa foi ainda mais impulsionada", salienta o dono da "A Tradicional", também um confrade, avançando: "Nos domingos a seguir à feira vende-se muito mais do que o normal".
A procura passou a ser tanta, que os proprietários decidiram expandir o negócio e abrir mais dois espaços, um em Alfena e outro em Cete. "Esta empresa cresceu bastante. Há 20 anos começámos com dois empregados, agora temos 20", avançou Abílio Lopes, acrescentando que ao nível da produção "é tudo feito durante a noite". "Começamos à meia-noite e trabalhamos até às 8 ou 9 horas, dependendo do serviço. Nesse período é feito todo o tipo de pastelaria e pão e ainda é feito o biscoito tradicional", complementa o padeiro.
Quanto ao biscoito, Paula Moreira revela que "começou a ser fabricado por brincadeira". "Para participar no concurso da feira do pão e do biscoito. Como havia muito poucos biscoiteiros presentes na primeira edição, o meu marido decidiu fazer o "fidalguinho" para concorrer e ganhamos o segundo prémio. Então, tivemos de começar a fazer os biscoitos e depois foi uma variedade atrás de outra e vendem-se muito bem", conta a proprietária, referindo os diferentes tipos: "Agora temos uma nova, as "lousas", que são de chocolate e simbolizam a pedra típica de Valongo. Depois temos os "fidalguinhos", que são de canela; os "malfeitos", que são de manteiga, mas doce; os "torcidos", que são de limão; os de "milho", feitos com farinha de milho como antigamente; os "digestivos", que são de manteiga, mas salgados; os "patuscos" são de coco; os mini-queques têm um mix de chocolate, laranja, maçã e noz; e os cacos".
E, tal como acontece com a regueifa, também o biscoito foi muito bem aceite e apreciado pelos clientes. O único senão é que como é um produto todo ele muito manual, não permite a produção em larga escala e a aposta revenda, pelo que só pode ser encontrado nas três padarias "A Tradicional".
Para fazerem sobressair a qualidade dos ingredientes utilizados na confeção e darem um sabor mais artesanal aos produtos, os proprietários instalaram um forno a lenha, que é aquecido através de um circuito a água. "Só os pastéis de nata é que são cozidos no forno elétrico, de resto, na fábrica é tudo feito no forno a lenha. Dá outra textura às massas e outro sabor, porque o forno a aquecer, aquece de outra maneira, não é tão rápido. Tanto que nas outras duas lojas temos forno elétrico e o ar do pão não sai igual a este e é amassado da mesma maneira que aqui", ressalva Paula Moreira, completando: "Na confeção do biscoito faz toda a diferença e, segundo os nossos clientes, o pão também sabe diferente".
A finalizar, a dona salienta que "os clientes hoje em dia são mais exigentes". "Temos de ter uma grande variedade de produtos. Não podemos ter só o pão trigo, temos de ter muito pão de mistura, pois as pessoas optam cada vez mais por pão escuro", conclui.