Novo presidente da Câmara de Viseu revela que o transporte antigo volta a ser solução porque não encontrou nada sobre o carro não tripulado que faria a ligação à Sé.
Corpo do artigo
O funicular, veículo que faz a ligação entre o Campo de Viriato, em Viseu, e a zona da Sé, é mais uma vez aposta do presidente da Câmara, Fernando Ruas, que descarta o Viriato, a viatura não tripulada que substituiria o ascensor, mas que nunca chegou a avançar. O veículo elétrico de transporte público não tripulado deveria ter começado a circular em 2019, segundo os planos do ex-presidente da autarquia, Almeida Henriques.
Fernando Ruas garante que quando regressou ao município, há cerca de quatro meses, não encontrou "nada" sobre o Viriato. "Não foi descartado por mim. Já não encontrei esse projeto aqui para funcionar e a ideia que tenho é que já tinha sido abandonado", refere.
A viatura sem condutor seria instalada pela TulaLabs. Contactada pelo JN a empresa explica que a ideia não chegou a avançar porque a autarquia viseense "decidiu elaborar um estudo de mobilidade antes de avançar com o projeto para avaliar o enquadramento legal e o impacto socioeconómico" do mesmo.
"Este estudo deveria ter sido iniciado em 2020, mas não temos conhecimento se chegou a ser realizado. A TulaLabs continua disponível para colaborar com a Câmara de Viseu na implementação de soluções inovadoras como o projeto Viriato", garante.
Quem não está interessado na ideia é Fernando Ruas, que prefere colocar em marcha de novo o funicular, ainda que apenas em alguns períodos do ano. O veículo não circula desde o verão. Deverá ser reativado na Páscoa, nos meses de julho, agosto e setembro, incluindo a Feira de São Mateus, e na última quinzena de dezembro.
"Não há nenhuma razão para abandonar o funicular, a não ser que me digam que do ponto de vista mecânico aquilo já não funciona, mas é para funcionar e com aquela utilidade que é as pessoas pararem os carros no Campo de Viriato e irem de funicular até ao centro histórico. Era esse o plano e continua a ser", sustenta.
Custos e acidentes
Inaugurado em 2009, no âmbito do ViseuPolis, o ascensor custou mais de cinco milhões de euros. Ao longo dos anos a oposição na Câmara e Assembleia Municipal tem alertado para os custos avultados deste projeto, estimando que entre a sua construção, manutenção e exploração já custou aos cofres municipais 10 milhões de euros.
Carlos Vieira, ex-deputado municipal do Bloco de Esquerda e membro da Associação Olho Vivo, foi e continua a ser uma das vozes mais críticas. "Nada nos garante que não continuem a haver acidentes", alerta, lembrando as dezenas de pessoas que ficaram feridas com gravidade após terem ficado com as pernas presas nas linhas do funicular.