Uma mulher de 23 anos morreu na sequência de ferimentos graves sofridos quando o seu carro colidiu com um camião, esta segunda-feira, em Almeida. Apesar da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) da Guarda ter sido solicitada, não estava operacional devido à falta de médicos.
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Segundo disse à Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários de Almeida, Francisco Martins, o estado em que a vítima se encontrava "era mesmo muito grave". Foi solicitada pelos bombeiros a presença no local da VMER da Guarda, mas foram informados que "estava inoperacional".
A vítima seguiu de ambulância para o Hospital Sousa Martins, da Guarda, onde foi declarado o óbito.
De acordo com o INEM, o alerta para o acidente com "uma vítima encarcerada e inconsciente" chegou às 09.01 horas ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes. "Da triagem clínica da situação, resultou o acionamento de uma ambulância de socorro dos Bombeiros Voluntários de Almeida. A VMER da Guarda encontrava-se inoperacional por falta de médico".
Vítima em paragem cardiorrespiratória
Meia hora depois, os BVA informaram que procediam a manobras de Suporte Básico de Vida pois a vítima estava em paragem cardiorrespiratória. O CODU deu "indicação aos Bombeiros para iniciarem o transporte da vítima ao Hospital da Guarda, notificando igualmente esta unidade hospitalar da chegada da vítima".
De acordo com a legislação em vigor, acrescenta o INEM, "é responsabilidade dos Hospitais que dispõem de Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) garantir a operacionalidade destes meios de emergência médica, designadamente da sua escala de profissionais médicos e de enfermagem".
Faltam profissionais para os turnos
Ao JN, o hospital da Guarda explicou que a "inoperacionalidade da viatura prende-se com a falta de profissionais médicos para efetuarem todos os turnos" e sublinha que "os médicos escalados para trabalho na VMER têm de ter formação específica para o efeito e disponibilidade para a realização destes turnos, fora da carga horária hospitalar".
A viatura esteve inoperacional das 20 horas de domingo às 14 horas de segunda-feira e novamente ontem, das 14 às 20 horas, informou ainda o hospital.
A ANTEM - Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica considera "absolutamente constrangedor e lamentável que, depois de diversas diligências, continuemos a verificar a inoperacionalidade de meios decisivos aos Serviços Médicos de Emergência".
"Portugal preserva o equívoco de apenas serem os tripulantes destes meios (VMER e HELI), médicos e enfermeiros, os únicos a praticar habilidades de Suporte Avançado de Vida", quando "ocorrem cerca de 3000 respostas das equipas das ambulâncias, e cerca de 200 respostas das VMER a nível Nacional". Daí que a ANTEM esteja convicta que "as habilidades de Suporte Avançado de Vida nas equipas das ambulâncias (Bombeiros, Cruz Vermelha Portuguesa e INEM) fariam a diferença".